segunda-feira, 14 de abril de 2008

Underneath


***

Foi dado um nó na minha língua.
E eu não consigo nem falar, nem engolir.
O esmalte começou a descascar mais uma vez, só para me lembrar que nada é duradouro e que tudo tem seu preço.
Estou construindo um casulo.
Um casulo de diamante.
Ando aprendendo a dizer nãos e a ser bem mal educada também...
Mas é só para a sobrevivência.
Ando aprendendo a escolher melhor e a manter um pé atrás.
Aprendi já a gostar menos para sofrer menos...
Mas ainda assim me pego gostando mais.
Voltei a ouvir mais e a falar menos.
E tô de saco cheio de ser tudo uma constante troca de quantidades nesse mundo.
Percebi que devia ter sido menos teimosa quando criança e ouvido mais aos conselhos de minha mãe.
Mas eu era uma criança e tudo o que eu conhecia e me importava era o momento. Sempre aquele momento.
Fui criança por tempo demais só porque o tempo me forçou a amadurecer muito cedo.

Eu devia mesmo ter vocação para pirata. A primeira profissão que eu quis ter.
Quando mudei de opinião para ser astronauta fui inocente e boba demais para deixar alguém quebrar minha alma com os dedos dizendo que isso seria impossível.
Eu sempre quis coisas impossíveis.
E sempre deixei as pessoas me convencerem que eram impossíveis.
Faltou malícia, sobrou inocência.
Eu só tinha seis anos.
E nem acreditava mais em papai noel, ou coelhinho da páscoa, ou no natal, ou no amor, ou em fadas...

Aprendi a não acreditar no amor muito cedo.
Vi que não deveria acreditar por tudo que meus olhos presenciaram. Todo aquele sofrimento.
Fui criada por um Don Juan superficial que, depois de me mostrar todos os podres e truques masculinos e depois de eu entender e me humilhar, me rejeitou...

Em algum momento, um par de olhos azuis me marcou profundamente.
Às vezes, ainda me pego procurando em outros o que encontrei naqueles olhos um dia. Me pego me oferecendo também, mas o final dessa história é sempre o mesmo.

Desde criança tive homens que me amaram e me ensinaram coisas, me abriram os olhos e me tornaram precoce. Só para me magoarem depois.

Foi só mais um desabafo. Isso tudo aqui.
Só para dizer que continuo procurando a verdade que encontrei naqueles olhos azuis...

Mas o olhar de um homem não é lugar de se procurar a verdade.


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

3 comentários:

Anônimo disse...

é amiga, o olhar de um homem não é lugar de se procurar a verdade. tão bonito e de igual modo triste!
amote!!!!

Duli disse...

Fe...amiga de "andar quilômetros" hehehehe...

Bom...quero te dizer q mesmo q eu não tenha comentado os últimos textos, eu leio todos!

Me atrapalho, pois às vezes não sei bem o q dizer...E qdo vou dizer o texto mudou! rs*

Nessas nossas caminhadas, refletimos tanto, nos aconselhamos tanto e dessa maneira vamos vivendo.

Dando risada até da coisa mais séria. Ah, e o comentário do texto? rsrsrs

Lindo, amiga. Daqueles que faltam palavras. Vou te dar um conselho, apesar deu não ser a mais indicadas, confie, confie em vc, nos seus sentimentos e no qto eles são verdadeiros.

E restante é conseqüência...

Vou continuar a ler!

beijossss

Karina Zichelle disse...

Amiga. Como somos parecidas de maneiras tão diferentes! Acho isso lindo! Entendo cada pedacinho de palavra que vc escreveu, principalmente a parte de procurar a verdade que encontrou naqueles olhos azuis, só que no meu caso eles não eram azuis... e como dizia simone de beauvoir, e que o Luciano usou no texto ele ela, não dá para trocar trÊs ou quatro palavras sem compará-los.
Beijokas!!!!
Te amo, linda!