segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Quando as estrelas encaram o futuro cravado em nossas retinas...

Em horário ultrapassado, ela acariciava suas mãos com a parte mais macia de seu corpo.
Pensava nele, neles, e naqueles, sem imaginar que no dia seguinte sua cama seria tingida de tinta vermelha.
Agradeceu a existência de toda aquela cor. It's good news, como ela mesma disse, um dia, em um filme. Always good news.
Ouviu, naquele dia, histórias que a apavoravam, mesmo contra todas as evidências.
E prometeu que se jogaria do alto do terraço itália, de vestido azul de seda, se aquela fosse sua história.
Eu não tenho dúvidas de que ela se jogaria, pois sua expressão era bem séria, apesar do tom desesperado e sarcástico de sua voz.
Ela sabia ser bem má, um inferno, apesar da carinha de anjo, como outro dia dissera sua pessoa favorita nesse mundo.
Mas nada disso importava, nem mesmo a distância das palavras do outro dia supracitado, pois ele decidira voltar, melhor do que isso, decidira permanecer. E essa notícia já bastava, pois ela amava. Mesmo sem correspondências de qualquer parte do ser dele.
Aquele último abraço dera-lhe forças para continuar uma vida inteira, mesmo que fosse apenas sabendo que ele estaria bem.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

“Like a Hurricane”

Escrito em 17/12.

E ontem eu recebi a melhor notícia do mundo!
Não vou entrar em detalhes agora por ser também uma questão de exposição, não minha, mas dos outros.
Por uma questão de orgulhos e comparações e invejinhas que eu não quero cutucar.
Mas fica registrado que foi uma das melhores notícias do mundo.
Fica registrado também que por isso, mas não só por isso, não vou parar de dançar. Nunca!
Que é a única outra coisa que eu amo tanto quanto o teatro.
Achei meus mundos. Meus lugares. Meus holofotes.
Foi meu segundo sinal significativo.
Firmarei meus pés nesse terreno.
É sobre quando alguém descobre a que veio.
Fôlego e força. O melhor presente de fim de ano.
Sim, sim, alguém acredita em mim.
Não inibirei meus pés nunca mais. Porque ainda há tempo.
E o ser humano só é limitado quando quer.
Abram espaço em meu caminho, pois aqui nesse peito despertou um furacão.

“Once I thought I saw you
in a crowded hazy bar,
Dancing on the light
from star to star.
Far across the moonbeam
I know that's who you are,
I saw your brown eyes
turning once to fire.
You are like a hurricane
There's calm in your eye.”

Marshmellows e Monstros

Me faz falta o ar.
Meus pulmões do tamanho de caroços de azeitonas.
Minha pele amarelada de apatia.
Mais tarde chega o natal.
Mas eu não sei se anseio por isso.
Minha garganta engolindo minha voz.
Moinhos de vento lentamente giram no meu peito.
Muitas preocupações desnecessárias molham minha linha de raciocínio.
Muda, gélida, telepática, asmática.
Mamãe, sinto saudades daquela época em que meu mundo era seu colo.
Meteoros rasgavam nosso céu de veludo púrpura.
Minha morada era a copa de nosso pé de goiaba.
Marshmellows brotavam nas escadas.
Monstros ainda não dançavam em minha sala.
Meu mundo era seu colo.

I don’t love anyone...

Não amo ninguém.
Acho que isso está bem claro, não?
Nem adianta comentar do brilho dos meus olhos, que sempre brilharam um pouco além e isso não mudou agora, por qualquer razão romântica que as pessoas insistem em acreditar.
Na verdade, amo a todas as pessoas do mundo, exatamente da mesma maneira. Ninguém é privilegiado.
E quando vocês acham que eu sou a carente da história, na realidade, sou a única caridosa. Mas isso é amplo demais para vocês entenderem.
Ok, talvez eu ame dois cachorros e umas três ou quatro pessoas de forma mais especial do que o resto. Mas é só.
Eu garanto.
Ninguém pode afirmar o que acontece aqui, bem lá dentro, ou no funcionamento de meu juízo.
Só eu.
Eu aconselho que não criem expectativas. Não se iludam. Isso vai poupá-los.
E não vão julgando que sou inocente ou boba demais para cair nesse joguinho de vocês, para não perceber as piadinhas internas e risadas altas demais.
Pois, além de mais velha, já encarei mais brigas e corri com mais lobos.
Tenho mais veneno na saliva e carrego um furacão de caos no lugar do coração.
Descobri algo recentemente. Descobri que você não gosta de mim.
Você pensa que sim, mas na verdade não gosta.
Você primeiro precisa aprender a fazer isso, gostar. Para então descobrir se gosta. Complicado, não?
Mas fique tranqüilo, porque eu nunca tive a pretensão de que fosse diferente. É até um alívio.
Cuidado, porque essa sua brincadeira pode ficar muito perigosa.
E no fim das contas, a única pessoa que não vai sentir absolutamente nada serei eu.
Nada diferente do que sempre foi.
Fui clara?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Pareados

A menina que gostava de dois homens. E nunca foi diferente disso. Sempre dois.
Talvez o 2 não seja um número auspicioso.
Olho todas essas planilhas e todos esses números e nada disso faz sentido.
Não porque não entendo. Entendo. Mas essas coisas estão deixando o sentido, de ser o que são, cair pela estrada.
E a estrada, nada monótona, não tem posto de gasolina e também parece não ter faixa de chegada.
Sobe todas as escadas de dois em dois degraus. Só de dois em dois. Acha que assim é mais divertido.
A estrada é sempre uma só. Tem nuances e curvas. Tem opções de entradas e saídas. Mas é sempre a mesma estrada a percorrer. Não há de dois em dois na estrada. Sempre em frente. Mas ela quer mais. Ela quer para o alto e avante. Quer transcender, quer tele-transportar, quer desvendar o que há ali, ó, ali na frente, tá vendo? Não né?
Tudo bem...
Ela se comunica com as estrelas, porque as estrelas são as únicas que sempre escutam de forma adequada e são as únicas que respondem, nem sempre de forma adequada.
Pratica telepatia com cães de rua, pois sabe que eles conseguem ler pensamentos. Mais do que isso, sabem ler olhos.
Amava, com todas as fibras de seu ser, dois homens e não entendia como as pessoas não entendiam que isso era possível sim.

Uma carta leviana, para Nietzsch

Os homens e o amor difícil.
Sim Nietzsch, nós somos o inferno de Deus.
Custamos muito a entender esse conceito, a aceitá-lo. E não nos envergonhamos nem um pouco disso, para desespero dele. Para desespero nosso. Não arredondamos nada. Apenas criamos mais e mais e mais arestas. Pontudas. Cortantes. Dilaceramos tudo que há de bom e puro em nossos caminhos. Porque temos vários caminhos, mas não enxergamos isso. Somos cegos, desmaiados, ignorantes por livre arbítrio. Somos fracos por escolha. Enquanto touros sobrevivem e cospem milagres em nossas caras. Enquanto o sol não explode e cospe fogo em nossas caras. Reclamamos. Doemos. Somos covardes. Somos a maior dor daquele que carregou a maior dor. Uma cruz. A mais pesada cruz. Nós todos. Uma humanidade em existência. Humanos desgraçados, insatisfeitos, mal agradecidos. A pior raça, por livre arbítrio, por vontade própria. Escolhemos ser a pior raça. Dentre todas as constelações, fomos os únicos que escolheram errar atrás de erros. Encostamos as costas e os pés nos muros, e não nos movemos mais. Com audácia para botar defeito em tudo que foi criado. Sem coragem de mover uma palha. Corremos pesadamente nas salas do universo, destruindo tudo pelo caminho, destruindo a decoração divinal, comendo rostos de divindades, como porcos pútridos e famintos. Cegos como cobras subterrâneas desesperadas por achar um caminho, uma resposta, quando a resposta estava o tempo todo bem ali, explodindo as nossas caras.

“Convalescente”

Pelo abraço.
Pelo olhar.
Pelos sonhos que tentaram dizer alguma coisa.
Pela saudade.
Por todas aquelas razões que ficaram escritas com saliva nos copos.
Pelo brilho que mora em seu cabelo.
Pela estranha luz que corria ao seu redor naquele momento.
Pelo meio sorriso de meia felicidade que eu sei que você sentiu ao me ver...

Eu voltei.

E fui feliz pelo instante da duração de um abraço sem jeito. Sem encaixe, mas do tamanho certo.
Mesmo com os meus cabelos bagunçados, como você sempre deixa. Mesmo com um susto certeiro.

Eu contei com você e tudo valeu à pena.

Porque tudo sempre volta ao normal e você fez uma escolha que não me decepcionou.
Porque apesar de tudo-tudo-tudo que já foi sentido e visto e falado, você nunca me decepciona.

(F. B.)
Alguém aí já descobriu o que realmente importa para si?

Bem, eu descobri.

O problema é que eu também descobri que estou longe de conseguir.

Preciso me movimentar, mas cada passo que dou vira um looping.

Eu queria ter visto você chorar.

Pra guardar suas lágrimas, para sempre, dentro da minha boca.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Irremediável

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Te ver assim tão bem e amando é bom, muito bom.

Mas dói em tudo que há em mim.

Dói o mesmo tanto que não dói em você me ver assim tão bem também.

Agora, pertencemos menos um ao outro. Mesmo quando nunca foi diferente disso.

Por aqui, para a hora que você quiser voltar. Ou só me olhar.

Porque meu amor por você, além de impossível, platônico, ridículo, é assim... irremediável.

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