sábado, 18 de outubro de 2014

Pássaros de papel não voam

o CORPO de outro entrou no meu e foi a coisa mais impessoal na face da Terra.

A sensação é eterna e mais madura. Não importa quantos corpos passem por aqui, se metam aqui dentro, nenhum será como o dele, não vai ter amor maior do que aquele que eu senti naquele curto espaço de tempo.

Hoje eu sou toda lágrima. O meu corpo é uma lágrima. Meus órgãos e meus pensamentos são lágrimas.

Nunca mais pude comparar nenhum beijo, porque nenhum outro beijo superou o seu.

Acho que a gente segue só porque tem que seguir, porque aprende que não querer lutar é errado, porque aprende que tem que ser competitivo, né?

Vou te contar um segredo: Eu nunca competi com nada nem com ninguém em lugar nenhum. 

Eu só queria que naquele curto espaço de tempo ele me amasse. Que ainda hoje, ele me amasse.

Mas em certo momento-espaço da minha vida veio o destino e passou um machado, cortou o tronco do que eu acreditava que tinha, que era verdade. Me separou da continuidade de mim mesma, de cada um dos meus sonhos. Mas já estava tudo tão perdido mesmo que foi só seguir.

Eu consigo perceber o quanto eu mudei pela quantidade de tempo que duram minhas risadas. Gargalhadas são todas falsas, as minhas. Só pra todo mundo não se preocupar, pra fingir que está tudo sempre tão bem. Engraçada, eu sempre me perguntava porque algumas pessoas riam com tanta falsidade, com tanta força. Eu entendi.

É, eu entendi.

Mas eu não sei se ser isso é ser forte.

E eu sei que eu devia estar feliz, afinal, a vida só é boa com você quando você agradece de alma plena e se sente feliz.

Mas e se a vida me ensina a ser triste?


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Bienvenido Veraozinho lindo.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Matilha

Lá fora faz frio.
Aqui dentro se confunde com verao.
Nao na alma, na casa.
A alma desliza congelada.
Entao eu como bis. Toda uma caixa.
E envio músicas para as pessoas que me conhecem bem lá dentro e me julgam bem lá dentro, só pra eu sentir dor, só para parecer que possuo sentimentos.
Num é só para parecer, porque eu possuo.
Sentimentos.
Mas sempre me esqueço disso, entao a tortura é ficar lembrando, mandando músicas, como pedidos de socorro escritos na neve, comendo toda uma caixa de bis e fumando os meus cigarros. Todos eles. Um após o outro. Até eu comprar a próxima caixa.
Só pra eu lembrar que tenho pulmao, tossir e ver que estou viva. Às vezes lembrar que tenho pulmao dá uma sensaçao de ter sentimento. Mas é só porque o pulmao tá bem perto do coraçao. Num sei se ao lado ou por cima dele. Talvez por isso quando dói, aperta. O pulmao deve ficar tentando lembrar o coraçao que ele tem que bater. E por isso aperta. Dói.
Cada dia mais sinto umas garras crescendo bem fortes no meu peito. Nao, nao é tuberculose, deve ser angústia mesmo. Elas vem querendo rasgar tudo de dentro pra fora. Ainda nao sei se sao garras de lobo ou de leao. Mas há uma diferença bem importante entre elas.
Entao eu acordo e corro e grito, mesmo que silenciosamente, todos os dias.
Escuto músicas xamanicas e afasto pessoas com atitudes inaudíveis e palavras controversas.
Acho que me acostumei a ser sozinha. Ainda que eu devesse correr em matilha.
Esse tamanho de solidao nao deixa espaço para muita coisa.
Só pra uivar pra lua.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

To forgive, to forget

Como se percibe que todavía se posee un corazón?

Se camina, solo para sentir el viento y el sol. Es por esto que vivimos.

Gracias, ciudad.

Mi nuevo hobby: caminar

























segunda-feira, 12 de agosto de 2013

"And I never wanted anything from you
Except everything you had
And what was left after that too. oh.

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run"


Warming up this winter day...




We were so happy... together... so happy.

Where did I lose you?







segunda-feira, 22 de julho de 2013

Todos os dias ela acorda com o coraçao entre os dentes.
Já nao importa mais o que aconteça ou quantas pessoas ela conheça, é o gosto do sangue entre os dentes que ela reconhece todas as manhas. Como aquela eterna sensaçao de ter sido atropelada por um javali de meia tonelada.
Sua solidao vem acompanhada de multidoes e musicas que falam de amor.
Uma combinaçao esquisita de estar finalmente no lugar certo com o vazio da eterna sensaçao de estar sozinha.
O lugar a consola para sempre. Nao fosse essa outra vontade esquisita de sempre ir, de sempre deixar tudo para trás, como sempre fizeram com ela, antes que façam de novo.
Ela só queria correr com os lobos. Sao sua casa, os lobos. A única sensaçao nunca vivenciada, mas mais conhecida e reconfortante que todo o resto.
Eles sabem o que é ter um coraçao entre os dentes. Os lobos.
Sabem o que é uivar e nao poder.
Sabem ter um coraçao entre os dentes e sorrir sem que ninguém perceba.
Ela também.

domingo, 21 de abril de 2013

Separando o meu e o seu.

Ele. O violão. Ele na minha sala. A França e seu coração partido.
Eu. O computador e os cigarros. A Argentina e meu coração partido. Na minha sala.
Dedilhando músicas espanholas, flamencos, sua hiperatividade e sua paz.
Minha paz e minha cabeça em rodopio e ventanias.
Suas peripécias.
Minhas peripécias.
Nossas desventuras e confissões. Nossa paz.
Sua, a iminente partida.
Meu, o coração a ser rompido.
Seu rosto, seu desejo, minha paz.
Seu sorriso, que um dia foi meu, e sua irresistibilidade.
A França me encontra em Buenos Aires todos os dias, e nós não resistimos, todos os dias.
E por isso brigamos e ficamos mudos e nos odiamos e ousamos sentir o que não podemos e pensar o indizível.
E dói. Cada um de nossos traumas e cada um de nossos medos. Dóem.
Então decidimos nos afastar e ficar calados e desviar o olhar todas as vezes.
E escolhemos pensar: melhor assim... melhor assim.

sábado, 10 de novembro de 2012

Una señal...

Una señal...

E alguém que me ame até sem maquiagem, gorda, com o cabelo despenteado pela manhã, com tpm, lunar, solar, mesmo quando eu não sei fazer as malas ou esteja chorando, alguém que me dê apoio, colo, cuide de mim, me admire e me deseje, que não deseje ou queira outras garotas, ok, não por muito tempo e que não faça comparações de minha altura, de minhas gorduras, de minha beleza ou charme...
. Que não se deslumbre a toa. Que tenha consciência, que esteja presente. Valores. Que goste de crianças e cachorros. Alguém que saiba lidar com defeitos, que seja real, natural, sincero, que compartilhe em inclua e entenda que perfeição é ilusão. Que tenha caráter e verdade. Que saiba ceder e lidar com o tédio.

Uma alma humana e pacífica.

Que acredite no amor, mas naquele que é de verdade, pra valer, pra vida toda, que lute por isso.

Do meu lado, nunca contra mim.

Dog days are over.

E toda vez que tocar aquela música que me faz lembrar você dançando no meu quarto, eu vou dançar por você. E por amor a você.

The dark days are over...

Era pra ser uma vida toda... ou todas elas.

Agora há pouco...

Um colega de trabalho, casado há mais de 25 anos, levou a esposa ao hospital ontem para uma cirurgia simples. Ela tomou anestesia geral e demorou a retornar. Procedimento normal, mas ele ficou preocupado, também é normal. Quando ela retornou, ao vê-lo, começou a chorar, e ele também. Inclusive se emocionou agora enquanto estava contando a história.

Amor? Eu queria que fosse assim pra mim também.
Que mesmo após 25 anos, ou toda uma vida, ele ainda me olhasse da mesma maneira que me olhou no dia em que nos apaixonamos.

Love overcome all obstacles.

A última a crer

Meninas, a lição é simples: se um homem te ama, ele vai demonstrar, ele vai te procurar, ele vai se importar, vai fazer de tudo por você, vai te achar linda de qualquer jeito e vai te falar isso, ele vai querer te tocar o tempo todo, vai sentir desejo o tempo todo, mesmo que você esteja lavando a louça, ele vai se importar com seus sentimentos, vai querer ser o seu herói.

Se isso não existir, se ele não demonstrar, se ele desistir, se não quiser recebê-la na casa dele, o amor não existe.

Não se enganem. Se ele ama, tem que ser de forma declarada e exagerada.

O amor e o romance nunca são ridículos. Mas sim a única coisa que vale a pena, que se renova de forma espontânea eternamente.

Y la verdad?

Eu não me deslumbro.
Nunca escolho um homem pela sua beleza ou pelo status que ele me traz ou pela sua popularidade ou pela sua profissão.
Eu escolho um homem pelo que ele me fala, pelo que ele me faz sentir, porque me conquista.
Eu não me deslumbro. Eu escolho alguém pela verdade que nasce em mim.
O problema é que esses que jogaram comigo esqueceram de me falar a verdade, desde o começo.

Eu ainda acredito que o amor é mais forte que qualquer dificuldade ou distância.

Se desistiu é porque nunca houve amor.

E eu, mais uma vez, entrei na história, e saí dela, completamente sozinha.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sobre galanteios e essa porra toda... ou "O amor é loteria".

*

O amor morreu. Fui privada por tanto tempo desse sentimento que o amor acabou morrendo dentro de mim. Me tornei uma dessas pessoas frias e céticas. Amarga, com depressões e síndromes. Fui privada de toda forma de romance. Tão privada que agora acredito que não preciso mais. Elimino qualquer possibilidade de romance. Levo todos meus relacionamentos da forma mais leviana e frívola. Pra não sofrer, porque aprendi a não ter expectativas e porque sei bem o que não conheci. Ou o que definitivamente doei e não recebi. E não estou falando do romance ou do amor mercadoria, desses de propaganda de margarina, não é isso não. Não precisa abrir a porta do carro ou cozinhar pra mim. Nem ser exímio dançarino ou comprar presentes. É bem daqueles gestos mais simples que estou falando, me esperar com cheiro de café novo em casa, me dar carona em dias chuvosos ou quando já é madrugada e eu tenho medo da rua, sem que seja necessário pedir. É olhar lá no fundo dos meus olhos e identificar o tamanho da minha tristeza, me ligar durante a semana pra perguntar se eu estou bem ou só pra me lembrar de tomar o remédio. É me conhecer de verdade. Nunca me deixar esperando por uma resposta e quando eu pedir pra me levar pra casa que seja realmente pra casa e não pra cama. É me convidar pra viajar ou pra ver coisas refrescantes, porque sabe que minhas obrigações já pesam o suficiente. É pensar em um programa pra fazermos juntos, e não deixar pra decidir no último segundo pra acabar fazendo nada. É reservar um dia inteiro pra passar na cama comigo. Só na cama, sem notebooks, telefonemas, amigos, estudos, trabalho ou família pra atrapalhar. É se impor como homem e ser bem claro no que quer, ser homem quando eu preciso e segurar minha mão bem forte só pra eu sentir que estou viva. Dividir momentos, risadas e planos e não deixar pra me contar na última hora. É me pagar uma dose de uísque num show de blues e me deixar só dançar, enquanto fica quieto ali no canto me olhando. Não é necessário me ouvir, até porque eu nem falo muito, mas é essencial me entender, não como mulher, mas como ser humano, como amiga. É me buscar em casa, não importa o dia e a hora, de surpresa ou não, pra dar uma volta, pra pegar a estrada, pra ver a noite e as ruas, só pra depois me levar pra casa, enquanto a tristeza foge do meu peito. Dividir o silêncio, as bobeiras e as loucuras, sem diálogos mirabolantes, apenas não se incomodar com o silêncio, com a mão passeando na minha perna. Não é dizer que me ama, mas me fazer sentir isso com certeza.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tipo raro

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Ela tinha um tipo de câncer raro no coração. Só no coração. Não era dessas doenças generalistas. Era algo específico e raro. Era uma dessas doenças que deixam a pessoa bem cansada. Sem vontades. Sem ilusão também. Ela sabia que a vida era apenas um dia após o outro. Nada importava. Era tudo apenas sucessão de acontecimentos. Alguns eram bons, outros não. Ela sabia que o amor não existia, embora lá no fundo ela quisesse acreditar ou esperasse o contrário. Mas ela conhecia desde cedo as delicadezas de seu destino.Não conseguia mais acreditar em nada. Nem nela mesma. Então seguia caminhando por aí e se divertindo com amenidades. Conversando amenidades. Tentando sorrir quando recebia um sorriso. Mas nada além disso. E todos seguiam cobrando coisas dela. Porque uma coisa que ela aprendeu bem cedo era que sempre seria cobrada, por todos e por tudo, porque isso era tudo que as pessoas sabiam fazer. Cobrar e cobrar. Cobravam sua atenção, cobravam seu empenho, cobravam seu interesse, cobravam sua participação, sua opinião e sua alegria. Ela era generosamente egoísta. Mesmo acreditando que não era responsável pelas carências alheias, dava às pessoas tudo exatamente como elas queriam, só pra ver se, atingindo seus objetivos, as pessoas desistiriam dela. Seria tudo simples assim. Mas não era. Ela sempre era cobrada por mais e mais. Isso era bem difícil, simplesmente porque ela não queria reagir a nada e não achava as coisas e as pessoas tão interessantes assim. Ainda mais quando tudo e todos eram sempre tão carentes e desgastantes. Com seus egos sempre tão grandes, tão participativos e querendo mostrar opiniões relevantes e provar tudo o tempo todo. Ela só queria ficar na dela. Fazendo as coisas dela. Vivendo do jeito dela. E de vez em quando se divertir só um pouco com as coisas que aconteciam. Ela possuía um desses tipos de intensidade pra dentro. Não é um dos tipos de intensidade exibicionistas de pessoas que precisam provar que são intensas. É dessas intensidades que existem e dominam os donos, silenciando tudo, só para serem sentidas, geralmente levando à morte. Talvez por isso seu coração fosse sempre assim tão fraco.



segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Censurem-me com tarjas pretas

Às vezes eu realmente acho que vou conseguir acessar um mundo paralelo. Como quando eu sou a única pessoa no 15º andar que consegue sentir a mesa vibrando como se estivesse passando um caminhão no teto. Ou igual a quando eu olho pela janela do 15º andar e não sinto a altura nem o rítmo da cidade acelerada. Apenas vejo aquele monte de luzes e me permito alienar como todo o resto.

Às vezes essa outra dimensão é aquele lugar pra onde sou arremessada sempre que sinto saudade. Eu sinto muita saudade. Então faço apostas mentais em cavalos imaginários fervidos em suor, guiados por Jockeys sem rosto. Só pra ver se esqueço. Acendo um cigarro que não habita meus dedos e trago um gole do melhor uísque que ainda não foi destilado. Só pra me acalmar. Só pra me acalmar. Censurem-me com tarjas pretas.

Fico imaginando que bom que seria o verão se eu pudesse dançar sobre os trilhos dos trens que habitam as cabeças dos semideuses. Brincando de semideuses. Quando penso em você é do sabor do cigarro que me lembro. Quando penso em você é do perfume errado que me lembro. Agora quando penso em você, penso em rosas roubadas de pizzarias fechadas. Penso também em partituras musicais e pequenas cartas de suicídio. Lembro da bronca. Penso que o Rio de Janeiro pode realmente ser mais bonito.

Lembro da vontade de vomitar que me deu quando você começou a pensar que eu amava seu amigo. Mas eu não amava e era tudo tão óbvio que eu só queria que você calasse a boca e me comesse. Então pra você me comer eu disse e fiz tudo errado. Foi tudo tão em vão. Porque você, justo você, era perfeccionista. E eu me esqueci que eu nunca poderia ser perfeita, por mais que eu tentasse, não pra você. Desde então todos os meus outros relacionamentos, semi-relacionamentos, semi-sentimentos, semideuses, rolos, ficantes, qualquer coisa, são comparados a você. E só eu sei, bem lá no fundo daquilo que chamam de alma, que ninguém nunca vai superar. Como naquela música brega que insiste em dar voltas de ciranda no meu cérebro, fica o
disco riscado bem na parte do “nothing compares to you”. Fico buscando em todos os outros um pouco de você.

Lembro de como as imagens daquele dia ficaram tão fortes numa memória que quase não existe. Eu bêbada te chamando, você descendo a escada com uma garrafa na mão, enquanto todos seus amigos davam em cima de mim e eu deixava. E da cara do taxista assustado quando subi no seu colo e disse que queria fazer tudo com você bem ali. Tudo que você quisesse bem ali. Só pra você entender que eu tinha escolhido você, não o seu melhor amigo. Era só você. E que aquela minha rebeldia toda era uma tentativa retardada de dizer com todos os poros o quanto eu queria ouvir eu te amo brincando na sua boca. Então eu fiquei presa na sua calçada, ali entre o batente da porta da sua casa e a porta do taxi. Com seu beijo entalado na garganta. Com a lágrima que nunca apareceu e a confusão de sentimentos que nasceram nos meus olhos, nos meus gestos e nas minhas durezas. Eu nunca mais voltei nem fui a mesma.

Tive que partir. Viajei e voltei. Mas em algum lugar entre você, o batente da porta, a porta do taxi, os erros na sua cama e o orgulho do seu melhor amigo, eu te perdi. Te perdi pro mundo. Pra todas aquelas dores e decepções de ilusões que você criou quando eu secretamente pedia apenas que você aceitasse minhas imperfeições. Logo eu que sempre acreditei com todas as minhas forças que tinha todo o direito de ser imperfeita. Eu só não esperava te encontrar.

Desde então tudo o que escrevo é pra você. Tudo o que sinto é pensando em você. Você me deu a consciência do quanto minha vida pode ser irreversível. Não importa quantas vezes eu volte. Não importa nem o número de vezes que eu substitua cada uma das minhas carências. Você está impregnado, é fato, é irreversível e você sequer merece tudo o que eu sinto. Desde então faço apostas mentais em cavalos imaginários fervidos em suor, guiados por Jockeys sem rosto. Só pra ver se esqueço. Acendo um cigarro que não habita meus dedos e trago um gole do melhor uísque que ainda não foi destilado. Só pra me acalmar. Só pra me acalmar. Censurem-me com tarjas pretas.

Eu sinto muita saudade. Mesmo quando sigo insistindo em amar todos os outros homens.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Meu sol de azulejo

Sorte de realejo para acalmar o pensamento.
Está longe de ser a história ideal.
De começo atropelado. Enredo teimoso.
Mas é o que satisfaz o presente. Até quando só eu acredito que ele é presente.
Meu presente.
Brigando com as pálpebras pra não sonhar que pode ser.
Aprendo a silenciar a boca e o coração.
Que é pra não assustar esse leão.
Assopro conta gotas e bebo dentes de marfins.
Fico muda e mudo a roupa pra brincar de conformada,
de madura. Porque o amor é duro.
Enquanto amar, dura. Amargura.
Meu sol de azulejo.
Você não está disposto e eu não encontro disposição.
De começo todo errado. Enredo de nós soltos.
De nós todos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Dor a prazo

É de saudade que morre um coração. E essa distância já acabou com a gente.
Quando sequer houve um nós...
Já me perdi na distância do seu olhar. No sol na minha sacada.
Quantas pessoas no mundo cruzariam fronteiras por um capricho?
É de saudade que morre um coração. Dessa dor de ausência.
Minha falta de ar é o seu silêncio.
Por obséquio, seja sincero de uma vez e detone todas as minhas expectativas.
Não sei conviver com dor a prazo.

A contradição

*

Você coleciona pessoas.
Eu coleciono sentimentos.
Você gosta de coisas finas, de bom gosto.
Eu sou transcendentalmente desprendida.
Você é racional, eu visceral.
Você é equilibrado, eu sou brutal.
Você é um samurai, eu sou um caminhoneiro.
Você conhece o mundo.
Eu vou mastigá-lo sem sair do meu quarto.
Você ama a paz, eu sou o caos.
Seu hobby é dormir, eu sou hiperativa.
Você sempre teve relacionamentos longos,
eu nunca soube ser fiel.
Você é a certeza,
eu sou a antítese, a contradição.

*

Com a alma pelos trilhos...

Eu não quero ser apenas mais um dos seus caprichos de spoiled rich boy. Você é mais velho do que eu, mas não viveu metade dos meus dilemas. Não sou domesticável. Não vou mudar por você. Desapego e paciência são desafios meus. Coisas que você não entenderia. Não me subestime, garoto. Não sou um tipo previsível assumido pelas suas fantasias. Não vivo de imagens. Tenho alma de caminhoneiro, de pirata, e pra me encontrar você vai ter que pisar nessa estrada. Vai ter que enfrentar as piores tempestades. Eu nunca disse que a vida ao meu lado seria fácil e não entendo porque você me seguiu até aqui. Foi por sua própria conta e risco. Não me trate como se já me conhecesse, porque você ainda não entendeu o meu jogo. A verdade é que não jogo e conheço poucos homens de verdade dispostos a enfrentar tanta sinceridade. Conheço nenhum. A vida ao meu lado pode ser brutal, asfixiante. Mas só quem convive com tamanha dor aprende a dominar esse meu tipo de liberdade. Isso não é um recado, é uma advertência. Se você for corajoso como diz, garoto, lhe desejo boa sorte ao meu lado. Vai precisar.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

É de romance...

*

É que às vezes eu acho que posso me comunicar por telepatia com você. Não por idealismo. Simplesmente porque é assim. Antecipo o que vai me dizer, e ainda assim me agrada. Conheço suas novidades por intuição. Seu silêncio responde. Tenho teu cheiro impregnado no sangue. Sua voz que se propaga na minha alma. A delícia dos teus convites e das tuas manias. Frescuras que se entendem com as minhas. Mesmo quando suas expressões são inteligentes e subestimam as minhas. Quando você tem curiosidade sobre minha rotina e sua voz se torna possessiva. Faz aquelas brincadeira mais agressivas. Eu até acredito que essa distância não atrapalha. Mesmo sem enxergar um átomo dos detalhes, quero confiar. Quero que confie. Você diz que me conhece minuciosamente e eu acredito que posso me entregar. Mesmo sabendo que é de romance que eu preciso.

*

Você mastigando meu nome

*

Você me deu essa paz. Essa vontade de ficar deitada na cama contando os dias, até o seu próximo retorno. É como se o tempo não existisse. Sei que os dias passam e que eu envelheço, mas a vida só acontece ao seu lado. Fico buscando em meio a tantas memórias boas o que os seus olhos tentavam me dizer. O coração só aperta de saudade. A diferença é que agora tudo parece certo. Eu espero que realmente esteja. Mesmo quando tudo o que eu tenho é uma porção de letras e palavras esporádicas meramente virtuais. Saber dessa sua curiosidade e dessa sua vontade de regresso me conforta. Eu acredito que pode valer a pena. Tudo isso aqui. Mesmo quando estou em todos os lugares errados. Eu desejei você, desejei sua personalidade, desejei sua inteligência sem limites. Desejei esse interesse todo pelas coisas do mundo. Desejei sua idade e cada um dos seus cheiros. Desejei essa condição forasteira. Desejei seu nome, seus olhos e seu perfil. Desejei cada uma das suas paixões. Alguém me ouviu. Desejei perder o interesse em todos os demais quando eu te encontrasse. Minha alma, sempre tão desleal, se rendeu a toda essa monogamia absurda e fora de lugar, de mão única. Ainda tenho o fôlego e a audácia de desejar mais. Desejo permanecer e que você permaneça. Desejo que esqueçamos nossos velhos medos. Que essa paz resida entre nós. Que você me tatue na sua mente assim como te tatuei nas minhas veias. Que a sinceridade seja forte o suficiente para sobreviver. E que a minha alma possa oferecer a você tudo o que a sua já me deu. Sabe aquele romance da madrugada? Cada uma das suas palavras, das suas lembranças, suas ironias, seus gemidos. Você mastigando meu nome. Quero seu ciúme e sua posse. O carinho perigoso nas minhas costas. Sua manha e suas provocações. Meus caminhos em seus lábios. Meu colo para sua cabeça. Minha cabeça para sua bandeja.

*

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Enquanto Buenos Aires dói no peito...

Tenho as manhãs apegadas aos sonhos. Não distingo o sono da realidade. Ainda mais quando são dias frios assim, nublados e cinzas, como sonhos. Saio de casa lutando para não mastigar os ramos e os galhos das árvores que vejo, enquanto Buenos Aires dói no peito. O fundo do meu olho direito pede silêncio à cidade. Mas tão incrível como é, e como só esse mundo sabe ser, nada silencia. Caminhando descubro egos inflados de Hélio, flutuando e assombrando o que havia de bom na cidade.  As lembranças porteñas cortam meus pulsos. É quando as cores das construções, dos carros, das pessoas, do rio pinheiros, se misturam. Tudo vira um grande cinza petróleo. Mas sem a beleza ou poesia de um filme em preto e branco. Meu sangue escorre pelos meus pés como se fosse confete. Amor aqui não há. É vida que foi pelo ralo. Sigo buscando pessoas que tenham  seus egos menores do que suas idéias. Que saibam que sentir não é coisa pra adolescente. Adultos decentes.  Me encolho nas esquinas mastigando cigarros. Minha fome partiu pra longe. Nem a comida, nem os cheiros, nem os sons, nem as imagens ou as cores, nada disso me apetece por aqui. Eu não faço mais sentido quando penso, menos ainda quando falo. Eu sabia que faltava alguma coisa na minha vida. Sempre soube. O que eu não sabia é o estrago que a ausência poderia causar. Veio e perturbou meu juízo, minha cólera. Arrancou minha língua sem que desse tempo de sangrar. Estancou minhas energias, castigou minhas artérias. Um passo a mais não alcança. Não há rumo a escolher pois todas as ruas foram bloqueadas. As músicas dançam em mim como se meu interior fosse oco. Não importa quantas linhas eu desenhe, quantas folhas eu gaste, quantos suspiros nasçam de pesadelo após pesadelo, a frieza do meu travesseiro e dos meus pés. A lua vai me olhar todas as noites com aquele sorriso gordo e iluminado, toda cheia de si e vai me dizer: você poderia ler um livro embaixo da minha luz. E o apocalipse vai tomar conta do meu peito.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Fui pega.
Me entreguei aos acontecimentos simples. Lugares comuns. Deixei de lado meus sonhos. Quase todos. Me vendi. Aceitei. Não ouço mais meu corpo, nem minhas vontades, meus impulsos. Deixei de existir. Me conformei com todo o resto. Me conformei com dormir, acordar, ouvir o que acontece na novela, me alegrar com os nascimentos dos filhos alheios, trabalhar. Não busco mais. Não tento ver diferente. Entrei para o fluxo daqueles que acordam, correm e morrem. Massinha de modelar. Não lutei pelo meu amor. Não mudei de país. Não tive bolas para largar tudo e escrever um livro. Para viver de arte. Para passar fome por arte. Aceitei o amor que tinha por aí. Qualquer amor, se é que há. Aceitei ser amada pela piedade. Não me reconheço mais, nem minha voz, nem minha pele. Aceito docilmente conversas triviais. Fui domesticada pelo chicote da impossibilidade e da inércia. Deixei carimbarem cifras em todas minhas células. Não penso mais. Não faço mais. Não luto mais. Sofro mais. Sequer existo. Enquanto alguns por aí morrem por viver demais, já morri por viver de menos.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Here

Home is where the heart is.My home is by your side. On your bed. In your heart.That’s why it’s been so cold outside.Our hearts are empty of us.Because what I feel has no words and meaning in any other language.Just like my life here. Without words or meaning. I wanted to know you. Now I can’t forget you.I wish we’ve never met.I’ve stepped into our history with the wrong foot.Some kind of regret. Because it’s impossible to bare the idea of life without you.

La vida es una milonga...

Não quero mais perder as pessoas que eu amo. Todo esse sofrimento a toa. Deus não entende porque ele não tem problemas. O que eu quero, o que eu sempre quis, é muito simples. Mas a solução tem as pernas maiores que as minhas e o tempo tem pressa. Perdi a capacidade de sentir qualquer coisa além desse aperto no peito. Minhas miradas e meus sorrisos são vazios, assim como minhas caminhadas. Tento deixar que o sol me alegre. Tento me conformar com a rotina. Devoro livros, ouço músicas, bato fotos, bato copos, danço até os pés incharem, dou todas as chances que as pessoas me pedem, compro com o dinheiro que não tenho, me importo, dou presentes, crio novas obsessões, passo mais maquiagem, tento substituir as vozes. Nada preenche. É aquela eterna sensação de estar no lugar errado. Vivendo o que os outros querem que eu viva. Sem força de reinventar. Inércia virou sobrenome. É como estar em uma milonga sem par. Há muita vontade de arriscar uns passos, sem conseguir sair da mesa.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Minha história de terr(am)or

Só é necessária a beleza de um dia frio pra eu acordar de dentro de mim.Peço a todos os santos para que você saia da minha cabeça.Não, não precisa sair do coração, mas deve tentar sair da minha cabeça.Não consigo mais me concentrar. Me lembro das calçadas. Dos cachecóis.Do seu agasalho me abraçando naquela noite fria. Sua moto.Sua mão que sabia segurar a minha.Rezo para te esquecer. Pra arrancar sua posição de prioridade na minha vida.Então eu danço. E acredito que o ballet vai me salvar.E muitas vezes salva.O problema é que, em algum momento, sempre tenho que descer da ponta.E é isso que dói. Pisar no chão e lembrar você.Por dois meses sua voz tem sido tudo que quero ouvir.Mas você me ignora muito bem. Vive muito bem. Sem mim.Eu queria saber viver bem e em paz sem você.Cada golpe no contrabaixo, cada alongamento do bandoneon, o castigo do piano.Meus pés sangram porque desaprendi a pisar com segurança.Quero ficar sozinha. Sua presença me assombra. Tirou minha capacidade de sonhar.De dormir.Meu romance se tornou minha história de terror.

sábado, 11 de junho de 2011

Imóveis

Velvet.

Às vezes eu acho que seu segredo residia na forma como você dizia meu nome. Na entonação da sua voz. Um artista da voz. Que me faz derreter cada vez que pronuncia meu nome. Nunca me chamaram assim, com tanta delícia na voz. Com tanto carinho. Quando você me olhava de perfil com cara de quem ia roubar um beijo apaixonado. Mas não podia. Resistia. Enquanto sua mão segurava meu pescoço. E você resistia, e eu resistia. Por medo de tanto desejo, de tanta violência e de tanto sentimento que nascia dentro de mim. E enquanto você se divertia e eu me divertia, fui me entregando aos pouquinhos, sem saber da dor que estava por vir, ignorando toda a insanidade daquela situação. Ignorando que tudo tem um fim. E esquecendo o quanto o fim dói. Aquele começo parecia que seria pra sempre. Eu fiquei bem séria e não te fiz um carinho. No meio daqueles espectadores todos. Fui ignorante. Eu só queria te abraçar, você e sua garrafa de cerveja ansiosa. Eu vi seu perfil na escada me esperando e me analisando. Carente. Eu tive medo. De você, da sua rejeição, de tanta força pulsando em mim. Tive medo da entrega que já tinha acontecido e da falta que você ia fazer depois que chegasse nosso último dia. Então você esfriou. E eu também. Me desesperei. Porque sei que você é do mundo. Como eu. O que eu não sabia é que você ia fazer tanta falta assim. Até hoje. Até agora. E eu não consigo mais seguir um dia adiante sem doer. Sem chorar. Esperando qualquer sinal seu ou divino. Um olá ou um bom dia. Arrependida de todas as coisas erradas que eu disse. De todos olhares errados, para as pessoas erradas. Quando eu juro que minha cabeça e meu peito só pertencem a você. Até hoje, até agora. Eu espero que sua cama me espere, enquanto meu travesseiro sente falta do peso da sua cabeça. Assim como quando eu tentava afastar as horas e os raios do sol, que ameaçavam entrar pela fresta da sua janela, com os pensamentos e ficava tensa. E você notava, sem saber o que fazer, tentando resolver tudo com beijos na minha testa, cabeça, ombros. Insistindo para dormirmos abraçados. Sem ligar para o incômodo do braço. Porque não havia incômodo para nós ali tão dentro daquele abraço. Encontrei finalmente um abraço do tamanho certo e compreendi. Dormíamos imóveis com medo de afastar o momento ou perder os segundos. Muitas vezes eu não dormia e podia sentir a sua respiração na minha nuca, também sem dormir, observando minha alma que tentava não escapar dali. Imóveis.

Sua N.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Plush

Velvet,

Me deu vontade. Quero ser uma pessoa melhor. Quero aprender a cozinhar. Quero ter um filho. Quero
ser mais elegante e mais sutil. Mais carinhosa. Quero ter mais saúde e mais valor. Tão fácil como pedir
com jeitinho. Eu ficaria. Escolheria permanecer. Até colocaria silicone. Sou amável com crianças. Basta
me mostrar que posso confiar. Quero não ter mais medo. Entregar todos os meus pontos. Quero ganhar
mais dinheiro e mostrar mais estabilidade. Quero ajudar e dar colo. Quero me entregar por completo.
Como quase já fiz. Sua cabeça aninhada em meus seios. A temperatura certa da pele. Quente. Amar o
amor de frente. De lado. De bruços. Do avesso. Sua língua em todos os espaços. Meus espaços. Nossas
intimidades. Quero confortar as perdas e celebrar as conquistas. Esperar no retorno de cada viagem.
Quero poder ser franca e fiel e leal. Quero ser tudo. Seu tudo. Porque meu todo é tudo aquilo que você já
conquistou.

N.

Mermaids will always be worse than the pirates.

If I had the chance, I would have loved you for the rest of my existence.
But now I live peacefully alone.
And my existence no te importa um pepino.

Mermaids will always be worse than the pirates.

sexta-feira, 25 de março de 2011

*

Às vezes a saudade é tanta que parece que meu coração vai parar. Acredito que chegou a parar mesmo, em alguns momentos.São todas as saudades acumuladas. Uma risada espontânea. Morder o lábio inferior. Aquela expressão indecifravelmente séria. O perfil irreverentemente sedutor. Não sabia que sua ausência ia doer tanto. Mas é só que o viver junto demais também pode tornar-se insuportável. Eu acabo estragando tudo. Não estou pronta pra perfeição. Não fui ensinada a merecer o amor. Então eu fui te empurrando pra qualquer lado. Eu estava tão acostumada ao caos que confundi aquela paz com algo ruim. Com mau agouro. Acabei destruindo o que havia de mais bonito aí dentro. Não suporto mais a idéia de estar distante. Mas ainda não consigo considerar o conviver. Tenho o peito asfixiado e esmagado por todos os outros sentimentos da vida que a idéia de te contaminar com tanta tristeza dói mais que a própria saudade. A minha ausência veio para te poupar de mim. Para nos poupar. Para me poupar de te perder de uma vez por todas.

*

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A pé.

*

Você não entende
Nem nunca vai entender
O que é acordar cedo
E se prostituir
Todos os dias
Sentindo nojo
Vendendo a alma
Por alguns centavos a mais
Pra imbecis que não prestam
Atenção em qualquer palavra
Porque estão olhando para os seus
Seios
Pra garantir o seu sustento
E os dos outros
Você nunca vai entender
O que é ter que engolir
Cada palavra errada
E cada orgulho fútil
Segurar tudo isso goela
Abaixo
Enquanto você sente a raiva
Crescendo
Olhando pra esse monte de
Bolsos cheios e mentes fúteis
Querer tomar um trago
Pra rir e relaxar com os amigos
E lembrar da carteira vazia
E das caras vazias
Do coração vazio
E saber que ninguém ali
Vai compreender sua
Pobreza ou sua carência
E te pagar uma bebida
Você nunca vai entender
O que é considerar a possibilidade
De ir pra casa de madrugada
chorando
A pé

*

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

*


Quero acordar beija-flor
E escutar nada além do som constante
das minhas asas
desenhando o infinito no espaço
quero acordar beija-flor
e só conhecer o sabor
das flores
viver para voar
nada além
abusar dessa minha liberdade
de pássaro
enquanto observo os humanos
em seus aquários-escritórios
em seus aquários-casas
em seus aquários-carros
em seus aquários-pensamentos
quero acordar beija-flor
nada além.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Latente

*

Eu só consigo olhar para a paisagem
Porque todo o resto não me interessa.
Nasci em meio aos lobos e sei que
Humano nenhum vai me entender...
Vejo no escuro o brilho dos
Longos caninos brancos
E aguardo meu resgate.
Tenho tentado deixar minhas
Unhas crescerem
Para cavar uma saída
Porque tenho ouvido seu chamado
Mas perdi o tom do meu
Uivo.
Permaneço imóvel
Olhando a lua
E aguardo meu resgate,
Pois sou feita de
Material selvagem
E tudo que tentar me prender
Pede pra me perder.

***




sábado, 29 de janeiro de 2011

Down Fall

*

Foi você quem me olhou daquele jeito
e escolheu puxar papo
Mas fui eu quem amou primeiro
Cada uma das suas palavras
E o som da sua voz.
Então, eu tive que ir
Porque não tinha escolha
Mas a minha escolha,
Mais declarada do que o seu olhar,
Seria ficar ao seu lado
Definitivamente...
E se você tivesse me
Convidado mais uma vez
Para aquela gira pela Europa
Eu teria ido.
Mesmo sabendo que você é menos alto
Do que eu gosto
Ou mais moreno e bruto
do que eu prefiro.
Porque quando eu comecei
A duvidar
Você adivinhou cada um dos medos
E disse todas as palavras certas,
Mais importante do que tudo,
Você lembrou
E mostrou que tudo também
Houvera sido tão importante
para você.
E daí você me incluiu na sua vida
E eu te incluí nos meus sonhos.
Eu sigo ouvindo o som
Daquelas cordas...
Mesmo que elas nunca mais
Vibrem por mim.

*

Em paisagens e pescoços alheios

*

Olhar pro nada
Por horas
É o meu mais novo hobby.
Meu mais novo hobby é
Encarar o céu
Sem perceber que as nuvens mudaram
Passaram
Meu mais novo hobby é
Não querer abrir os olhos
Quando acordo
Early in the morning
É tentar sentir seu cheiro
Em paisagens
E pescoços alheios
É pensar que todo blues
Que eu ouço
Foi feito pra contar
a minha história
Meu mais novo hobby
É só conseguir pensar em champagne
E sexo
Com você
Na minha cama.
E, só às vezes,
É ficar imaginando seu
Corpo nu
Olhando pro meu
Enquanto alheios a nós mesmos
E a todos os outros problemas do mundo
Nós nos perdemos nos mesmos sonhos
E no mesmo sono
silencioso
*

domingo, 23 de janeiro de 2011

*

Por uma carência absoluta e irremediável de nossas almas
nossos corpos fizeram sexo.
Mas amor não havia ali.

*

My eyes are open...

*****

Perdemos contato com nós mesmos e com tudo que é natural.
Invadimos todos os espaços sem respeitar
o que ali havia de verdadeiro
Agora teremos que arcar com essas dolorosas conseqüências
Reconectar
Vocês estão prontos para enxergar o que há além dessa nossa dimensão?

My eyes are open.

Since 1969.

“Walking in Space”

My body
Is walking in space
My soul is in orbit
With God face to face


Floating, flipping
Flying, tripping

Tripping from Potsville to Starlight ["pot"sville]
Tripping from Starlight to Moonville


On a rocket to
The Fourth Dimension
Total self awareness
The intention

My mind is as clear as country air
I feel my flesh, all colors mesh


Red black
Blue brown
Yellow crimson
Green orange
Purple pink
Violet white
White white
White white
White white


All the clouds are cumuloft
Walking in space
Oh my God your skin is soft
I love your face


How dare they try to end this beauty?
How dare they try to end this beauty?


To keep us under foot
They bury us in soot
Pretending it's a chore
To ship us off to war


In this dive
We rediscover sensation
In this dive
We rediscover sensation


Walking in space
We find the purpose of peace
The beauty of life
You can no longer hide


Our eyes are open
Our eyes are open
Our eyes are open
Our eyes are open
Wide wide wide!


*

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

13/01/11

Comprei US$ 900 hoje.
O apartamento está ok, as passagens estão ok.
Eu sigo ouvindo música pop em alemão, tangos e buscando artigos sobre o novo circo francês.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

*
Eu não possuo vida para publicar aqui. Busco festinhas em apartamentos. E pessoas bonitas, para alimentar a futilidade da minha alma. Beleza faz bem. Ilumina, descontrai, relaxa, eleva. Felicidade de baixo custo. As pessoas comentam que esse espaço é um espaço de desabafo. É mesmo. Porque é tudo que posso fazer, ultimamente, desabafar. Hoje o rio está amarelo como bosta de neném. Ver tanta vida correndo lá fora não me fez bem. Quero morar na Argentina, mas ainda não descobri a possibilidade desse acontecimento. As casas lá são grandes e baratas. Construções de bons arquitetos, com pé direito bem alto. Sou apaixonada por pé direito alto. Em Buenos Aires as pessoas sabem dividir o espaço. Das casas, das ruas, das coisas, das pessoas. Aqui não. Aqui ninguém divide espaço. Aqui só roubam e invadem espaços. Eu quero espaço, mas meu chefe tem cabelo de militar e meus cachorros não conseguem passear na rua sem pegar uma doença. Na argentina as pessoas amam cachorros. Aqui, as pessoas ora chutam cachorros, ora agem como cachorros. E eu só tenho esse espaço aqui para desabafo. Só desabafo. Porque não tenho mais vida para publicar aqui.
*

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Rei de mim

*
Quando te conheci
não compreendi a tamanha paz
que você me deu de presente
Paz de acordes mansos de violão
de acordes de baixo e contrabaixo
Acho que tem a ver com aquela calma
que só encontrei dentro dos seus olhos verdes
dos seus olhos de gato
sinceros e doces como os de um cachorro
que você não é
ou da forma que eu gostaria que você não seja
quando eu puder te ver de novo
e olhar bem dentro desses olhos verdes
pra recuperar a minha paz
É que só de pensar em você
já fico entorpecida
e parece que não há problema no mundo
e até acordar faz sentido
mesmo sabendo que posso te ver nunca mais
ou logo daqui a pouco.
Por você, eu até não tenho mais medo de avião.
Porque os seus olhos verdes, e aquela paz dentro deles, me ensinaram a voar.
*

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cru

**

Só o que não é palpável me atrai. Os seres humanos, nós, vivemos uma insatisfação eterna e a maior parte de tudo que fazemos e sentimos e dizemos não faz sentido. Não há um porquê. É assim que é. Assim que somos. Nem as expressões faciais ou julgamentos mundanos tem razões. Nós, os seres humanos, não temos razões. Simplesmente acordamos e corremos. Trabalhamos e almoçamos. Fazemos sexo. Dormimos. Sonhamos. Por tédio. E assim seguem os nossos dias. Só isso. É assim que é. É assim que somos. Por isso o rock and roll. Pra dar um pouco de graça às coisas que nunca são diferentes. Tentamos entender o amor e o que sentimos e o que não sentimos. Mas não há explicação. Estamos aqui. Só isso. Somos uma experiência engraçada do universo. Eu estou aqui pra tentar entender ou desvendar o por quê disso tudo. Mesmo sabendo que não há necessariamente uma explicação. Nem que seja qualquer por quê. Do contrário não haveria música. Música é o segredo do universo. Porque a música une harmonia, matemática, paz, prazer, física quântica e cura numa coisa só. Pra quem não tem explicação nenhuma, mas se importa, isso já é um começo. Bom ou ruim? Não sei. Mas é um começo. Música não é palpável.
Na minha cidade há um rio. Ele é geralmente preto. Mas quando chove bastante ele fica marrom. Daí as pessoas dizem: Nossa, com essa cor de cocô, deve estar realmente muito poluído. O que as pessoas não entendem é que o marrom é mais saudável do que o preto. Marrom é terra, areia, vegetação. Preto é morte, luto. Tudo uma questão de ponto de vista e conhecimento que cada um julga que possui. Apesar de ser parcial em meus comentários, tenho plena consciência de que conhecimento é tudo que me falta. Sempre. Mas a maioria não pensa assim, não senhor. E seguem vivendo e impondo e pressionando e cobrando. Eu só quero gritar e tirar os sapatos. Isso pode não fazer sentido nenhum pra você, mas pra mim faz mais sentido do que a existência da aurora boreal. Mas isso não quer dizer que sou louca. Não senhor. E você, gosta de conversar com violinos?
Muitos dias simplesmente olhar pela janela, do trem ou do 15º andar, ouvindo Lou Reed resolve todos os meus problemas.

***

Vos

***

Eu te espero
Nessa ou numa próxima vida
Pela sua velha alma que compreende a minha alma velha
Porque entre tantas copas tintas, danças belas, sorrisos e sonidos você me encontrou
Destemido, me encarou
Com o olhar, esverdeado, me dedicou cada um daqueles golpes
Com sua voz e sua insistência, entorpeceu meu juízo
Lembrou. Chamou meu nome e minha atenção
Assumiu suas intenções
Me desejou bons sonhos e, em sonhos, me visitou
Mostrou que, com "vos", eu poderia falar sobre tudo
Conhecer a vos me abalou, ainda mais,
porque sei que isso também te balançou
Eu vou seguir perguntando por ti
mesmo quando vos parar de perguntar por mim
sempre teremos essa ou uma próxima vida.

***

E mais canções...

Entre Alvalade e as Portas de Benfica

Entra sempre em Campolide
Vem sentar-se à minha frente
E algo me diz que ele anda triste
Pela forma como insiste
Em olhar-me indiferente
E algo me diz que ele anda triste
Pelo forma como insiste
Em olhar-me indiferente

Quando deita para a rua
Os seus tristes olhos frios
Juro ouvir animais do zoo
Tilintar atrás do muro
Quando passa Sete Rios
Juro ouvir animais do zoo
Tilintar atrás do muro
Quando passa Sete Rios

Já pensei meter conversa
Perguntar-lhe pela vida
Mas acho que uma vida não cabe
No percurso entre Alvalade
E as Portas de Benfica
Mas acho que uma vida não cabe
No percurso entre Alvalade
E as Portas de Benfica
Só resta esperar que ele repare
No meu triste e frio olhar
Que eu adio a saida

Série - canções na última semana

Siempre se vuelve a Buenos Aires
Esta ciudad está embrujada, sin saber...
por el hechizo cautivante de volver.
No sé si para bien, no sé si para mal,
volver tiene la magia de un ritual.
Yo soy de aquí, de otro lugar no puedo ser...
¡Me reconozco en la costumbre de volver!
A reencontrarme en mí, a valorar después,
las cosas que perdí... ¡La vida que se fue!
Llegué y casi estoy, a punto de partir...
Sintiendo que me voy, y no me quiero ir.
Doblé la esquina de mi misma, para comprender,
¡que nadie escapa al fatalismo de su propio ser!
Y estoy pisando las baldosas,
¡floreciéndome las rosas por volver...!
Esta ciudad no se si existe, si es así...
¡O algún poeta la ha inventado para mí!
Es como una mujer, profética y fatal
¡pidiendo el sacrificio hasta el final!
Pero también tiene otra voz, tiene otra piel;
y el gesto abierto de la mesa de café...
El sentimiento en flor, la mano fraternal
y el rostro del amor en cada umbral.
Ya sé que no es casual, haber nacido aquí
y ser un poco asi... triste y sentimental.
Ya sé que no es casual, que un fueye por los dos,
nos cante el funeral para decir... ¡Adiós!
Decirte adiós a vos... ya ves, no puede ser.
Si siempre y siempre sos, ¡una razón para volver!
Siempre se vuelve a Buenos Aires, a buscar
esa manera melancólica de amar...
Lo sabe sólo aquel que tuvo que vivir
enfermo de nostalgia... ¡Casi a punto de morir!...

Porque minha vida se resumiu a canções na última semana...

Uma canción

La copa del alcohol hasta el final
y en el final tu niebla, bodegon...
Monotono y fatal
me envuelve el acordeon
con un vapor de tango que hace mal...
A ver, mujer! Repite tu canción
con esa voz gangosa de metal
que tiene olor a ron
tu bata de percal
y tiene gusto a miel tu corazón...

Una canción
que me mate la tristeza;
que me duerma, que me aturda
y en el frio de esta mesa
vos y yo, los dos en curda...
Los dos en curda
y en la pena sensiblera
que me da la borrachera
yo te pido, cariñito,
que me cantes como antes,
despacito, despacito,
tu canción una vez mas...

La dura desventura de los dos
nos lleva al mismo rumbo, siempre igual,
y es loco vendaval
el viento de tu voz
que silba la tortura del final...
A ver, mujer! Un poco más de ron
y cierrate la bata de percal
que vi tu corazón
desnudo en el cristal,
temblando al escuchar
esta canción...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

15º




15º andar.
Bem próxima do céu
Perdendo minha lucidez por qualquer alegria fútil
Enquanto sirenes de ambulâncias dançam sob meus pés
Nuvens do tamanho de cidades inteiras cobrem minha cabeça
O choro do contrabaixo em meus ouvidos me forçando a lembrar de você
A imortalidade dessa saudade e o caráter surreal do meu amor zombando de mim
Minhas roupas largas me sufocam
Minhas unhas gritam cavando o ar do caixão que a minha cidade se tornou
Meu peito arrebenta como cordas desesperadas de violino
Minha solidão compõe uma sinfonia usando o silêncio
Que cai em gotas
Ardendo minha consciência.
Preciso de água, de saliva, de suor
Dessa fonte que jorra da sua boca,
Do seu peito e do seu sexo.
Sua voz, sua pele, seu calor e seu cheiro como presentes de natal.


*

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Moradia tua

Minha admiração nasceu em um tango.
Mas meu amor cresceu em fado.
É nesse fado que me recordo do seu rosto.
Aqueles olhos bem pequenos e misteriosos.
Tenho saudade de tudo que não tive com você.
Um amor de imaginação.
Talvez não seja nada, e não vingue.
Mas me pergunto todos os dias se você também escreve sobre mim, ou sequer, se lembra.
Olhar teus olhos dói e vibra tudo que sou.
O que sinto é calmo demais para ser apenas paixão.
Poderia ser paixão e amor.
Paixão pelo desespero desse fôlego de falta tua.
Amor pela tranquilidade de sua existência.
Minha paz nasceu nessa tua residência em meu peito.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Você me dedica seu arco e eu te amo em violoncelo
Minhas veias vibram com cada um dos seus golpes
Misturando as minhas fibras com as fibras do seu arco
Os pêlos do corpo arrepiados pela tensão harmônica
Entre o Dó, o Ré, o Mi e o nós
Penetra em meus ouvidos
Arrancando meus agudos
e minha alma
Acalenta meu sufoco de estar cá
Com a doçura desse Lá
Acaricia essas curvas, deita em teu colo
E golpeia, concentrado apenas no gozo
Do contrabaixo
Enquanto isso, eu me perco na loucura do Si...



In you I feel so dirty
In you I crash cars
In you I feel so pretty
In you I taste God
We must never be apart