quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Meu sol de azulejo

Sorte de realejo para acalmar o pensamento.
Está longe de ser a história ideal.
De começo atropelado. Enredo teimoso.
Mas é o que satisfaz o presente. Até quando só eu acredito que ele é presente.
Meu presente.
Brigando com as pálpebras pra não sonhar que pode ser.
Aprendo a silenciar a boca e o coração.
Que é pra não assustar esse leão.
Assopro conta gotas e bebo dentes de marfins.
Fico muda e mudo a roupa pra brincar de conformada,
de madura. Porque o amor é duro.
Enquanto amar, dura. Amargura.
Meu sol de azulejo.
Você não está disposto e eu não encontro disposição.
De começo todo errado. Enredo de nós soltos.
De nós todos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Dor a prazo

É de saudade que morre um coração. E essa distância já acabou com a gente.
Quando sequer houve um nós...
Já me perdi na distância do seu olhar. No sol na minha sacada.
Quantas pessoas no mundo cruzariam fronteiras por um capricho?
É de saudade que morre um coração. Dessa dor de ausência.
Minha falta de ar é o seu silêncio.
Por obséquio, seja sincero de uma vez e detone todas as minhas expectativas.
Não sei conviver com dor a prazo.

A contradição

*

Você coleciona pessoas.
Eu coleciono sentimentos.
Você gosta de coisas finas, de bom gosto.
Eu sou transcendentalmente desprendida.
Você é racional, eu visceral.
Você é equilibrado, eu sou brutal.
Você é um samurai, eu sou um caminhoneiro.
Você conhece o mundo.
Eu vou mastigá-lo sem sair do meu quarto.
Você ama a paz, eu sou o caos.
Seu hobby é dormir, eu sou hiperativa.
Você sempre teve relacionamentos longos,
eu nunca soube ser fiel.
Você é a certeza,
eu sou a antítese, a contradição.

*

Com a alma pelos trilhos...

Eu não quero ser apenas mais um dos seus caprichos de spoiled rich boy. Você é mais velho do que eu, mas não viveu metade dos meus dilemas. Não sou domesticável. Não vou mudar por você. Desapego e paciência são desafios meus. Coisas que você não entenderia. Não me subestime, garoto. Não sou um tipo previsível assumido pelas suas fantasias. Não vivo de imagens. Tenho alma de caminhoneiro, de pirata, e pra me encontrar você vai ter que pisar nessa estrada. Vai ter que enfrentar as piores tempestades. Eu nunca disse que a vida ao meu lado seria fácil e não entendo porque você me seguiu até aqui. Foi por sua própria conta e risco. Não me trate como se já me conhecesse, porque você ainda não entendeu o meu jogo. A verdade é que não jogo e conheço poucos homens de verdade dispostos a enfrentar tanta sinceridade. Conheço nenhum. A vida ao meu lado pode ser brutal, asfixiante. Mas só quem convive com tamanha dor aprende a dominar esse meu tipo de liberdade. Isso não é um recado, é uma advertência. Se você for corajoso como diz, garoto, lhe desejo boa sorte ao meu lado. Vai precisar.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

É de romance...

*

É que às vezes eu acho que posso me comunicar por telepatia com você. Não por idealismo. Simplesmente porque é assim. Antecipo o que vai me dizer, e ainda assim me agrada. Conheço suas novidades por intuição. Seu silêncio responde. Tenho teu cheiro impregnado no sangue. Sua voz que se propaga na minha alma. A delícia dos teus convites e das tuas manias. Frescuras que se entendem com as minhas. Mesmo quando suas expressões são inteligentes e subestimam as minhas. Quando você tem curiosidade sobre minha rotina e sua voz se torna possessiva. Faz aquelas brincadeira mais agressivas. Eu até acredito que essa distância não atrapalha. Mesmo sem enxergar um átomo dos detalhes, quero confiar. Quero que confie. Você diz que me conhece minuciosamente e eu acredito que posso me entregar. Mesmo sabendo que é de romance que eu preciso.

*

Você mastigando meu nome

*

Você me deu essa paz. Essa vontade de ficar deitada na cama contando os dias, até o seu próximo retorno. É como se o tempo não existisse. Sei que os dias passam e que eu envelheço, mas a vida só acontece ao seu lado. Fico buscando em meio a tantas memórias boas o que os seus olhos tentavam me dizer. O coração só aperta de saudade. A diferença é que agora tudo parece certo. Eu espero que realmente esteja. Mesmo quando tudo o que eu tenho é uma porção de letras e palavras esporádicas meramente virtuais. Saber dessa sua curiosidade e dessa sua vontade de regresso me conforta. Eu acredito que pode valer a pena. Tudo isso aqui. Mesmo quando estou em todos os lugares errados. Eu desejei você, desejei sua personalidade, desejei sua inteligência sem limites. Desejei esse interesse todo pelas coisas do mundo. Desejei sua idade e cada um dos seus cheiros. Desejei essa condição forasteira. Desejei seu nome, seus olhos e seu perfil. Desejei cada uma das suas paixões. Alguém me ouviu. Desejei perder o interesse em todos os demais quando eu te encontrasse. Minha alma, sempre tão desleal, se rendeu a toda essa monogamia absurda e fora de lugar, de mão única. Ainda tenho o fôlego e a audácia de desejar mais. Desejo permanecer e que você permaneça. Desejo que esqueçamos nossos velhos medos. Que essa paz resida entre nós. Que você me tatue na sua mente assim como te tatuei nas minhas veias. Que a sinceridade seja forte o suficiente para sobreviver. E que a minha alma possa oferecer a você tudo o que a sua já me deu. Sabe aquele romance da madrugada? Cada uma das suas palavras, das suas lembranças, suas ironias, seus gemidos. Você mastigando meu nome. Quero seu ciúme e sua posse. O carinho perigoso nas minhas costas. Sua manha e suas provocações. Meus caminhos em seus lábios. Meu colo para sua cabeça. Minha cabeça para sua bandeja.

*