segunda-feira, 22 de julho de 2013

Todos os dias ela acorda com o coraçao entre os dentes.
Já nao importa mais o que aconteça ou quantas pessoas ela conheça, é o gosto do sangue entre os dentes que ela reconhece todas as manhas. Como aquela eterna sensaçao de ter sido atropelada por um javali de meia tonelada.
Sua solidao vem acompanhada de multidoes e musicas que falam de amor.
Uma combinaçao esquisita de estar finalmente no lugar certo com o vazio da eterna sensaçao de estar sozinha.
O lugar a consola para sempre. Nao fosse essa outra vontade esquisita de sempre ir, de sempre deixar tudo para trás, como sempre fizeram com ela, antes que façam de novo.
Ela só queria correr com os lobos. Sao sua casa, os lobos. A única sensaçao nunca vivenciada, mas mais conhecida e reconfortante que todo o resto.
Eles sabem o que é ter um coraçao entre os dentes. Os lobos.
Sabem o que é uivar e nao poder.
Sabem ter um coraçao entre os dentes e sorrir sem que ninguém perceba.
Ela também.

Um comentário:

Felipe disse...

Ah, como é bom acessar este blog e encontrar uma postagem nova! Mesmo com intervalo de meses entre uma e outra, a qualidade compensa toda a espera! Belíssimos textos!