terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma carta leviana, para Nietzsch

Os homens e o amor difícil.
Sim Nietzsch, nós somos o inferno de Deus.
Custamos muito a entender esse conceito, a aceitá-lo. E não nos envergonhamos nem um pouco disso, para desespero dele. Para desespero nosso. Não arredondamos nada. Apenas criamos mais e mais e mais arestas. Pontudas. Cortantes. Dilaceramos tudo que há de bom e puro em nossos caminhos. Porque temos vários caminhos, mas não enxergamos isso. Somos cegos, desmaiados, ignorantes por livre arbítrio. Somos fracos por escolha. Enquanto touros sobrevivem e cospem milagres em nossas caras. Enquanto o sol não explode e cospe fogo em nossas caras. Reclamamos. Doemos. Somos covardes. Somos a maior dor daquele que carregou a maior dor. Uma cruz. A mais pesada cruz. Nós todos. Uma humanidade em existência. Humanos desgraçados, insatisfeitos, mal agradecidos. A pior raça, por livre arbítrio, por vontade própria. Escolhemos ser a pior raça. Dentre todas as constelações, fomos os únicos que escolheram errar atrás de erros. Encostamos as costas e os pés nos muros, e não nos movemos mais. Com audácia para botar defeito em tudo que foi criado. Sem coragem de mover uma palha. Corremos pesadamente nas salas do universo, destruindo tudo pelo caminho, destruindo a decoração divinal, comendo rostos de divindades, como porcos pútridos e famintos. Cegos como cobras subterrâneas desesperadas por achar um caminho, uma resposta, quando a resposta estava o tempo todo bem ali, explodindo as nossas caras.

Um comentário:

Erick Hurpia disse...

Um furacão no lugar do coração? Interessante, intenso. Seu sangue não deve correr deve voar. Quanto ão homem que reclama de tudo, Vc no caso estava reclamando tb? Ou só observando? Humana? Demasiada humana ;-) parece estar além do bem e do mal