segunda-feira, 10 de março de 2008

Sábado fui assistir “AOS OSSOS QUE TANTO DOEM NO INVERNO”

Levei uma galera comigo.

Lá no Ruth Escobar.

Logo que você entra na sala há um cara tenso segurando uma arma com um longo cano que causa aflições. O cara espera algo e a platéia acaba adotando a espera.
Enquanto a platéia confusamente se acomoda e assimila o espaço, o ator, já presente em cena, majestosamente dá início aos próximos 50 minutos que prenderão o fôlego e surpreenderão cada pensamento do ingênuo público.
Não sei ao certo se são cinqüenta minutos, ou mais, ou menos... Sei que prende suas vísceras, a cada olhar reflexivo e a cada silêncio triste dos grandes atores no palco. Sei que nem percebemos o tempo passar. Sei que os grandes atores não poderiam ser ninguém menos, ninguém mais que Nelson Peres e Mario Bortolotto. Adequados, insubstituíveis, arrebatadores. Ambos com suas interpretações inebriantes e vozes aveludadas, nos transformam em títeres que sentem os detalhes de cada uma das emoções de Carlos e Chico...
Só respiramos quando Carlos respira e temos vontade de gritar junto ao desespero do Chico.
Os sentidos são explorados pelo cheiro da bebida espalhada no cenário, pela delicada iluminação, pela voz dos atores que vibra até sob a sola dos sapatos e causa rebuliço no sangue dentro das veias. A música, uma fantástica música, sai do rádio colocado na sala da história do Chico e, quando tocada, entra em nossos ouvidos como voz de mãe tentando nos consolar e atinge certeiramente o coração no peito como faca sem corte.
O texto é maravilhoso. Há genialidade nas piadas. E por cima das piadas há verdades melancólicas.
Dá uma vontade estranha e triste de pegar os dois no colo e amamentar e ninar. E só acalmar quando eles estiverem bem acolhidos.
Saímos da peça assim, completamente encantados pelas grandes atuações, pela energia dos dois juntos.
Somos tão maravilhosamente absorvidos que não temos forças para comentar. Tudo que há para ser dito já está logo ali, no palco, na altura de seus pés, uma história que poderia estar acontecendo ali no chão da sua sala. E você é um espectador mudo. Um quidam que tem a chance de sentir todos aqueles conflitantes sentimentos.
Não vou contar nenhum dos detalhes da história ou da peça, pois cada um desses detalhes vale a pena ser vivido dentro daquela sala pequena e incrível do Ruth Escobar. Vendo aqueles dois maravilhosos mágicos no palco.
Carrego desde sábado um aperto doído mas confortável e saudosista no peito.
Vou assistir à peça muitas vezes mais.
Vou sentí-los muitas vezes mais.
Vou carregá-los nas memórias e nos sentimentos muitas outras vezes.

E acho que você deveria fazer a mesma coisa. Porque Nelson Peres e Mario Bortolotto sempre são imperdíveis. E agora eles estão juntos.
Mas corre, porque vai só até 27/04.

Há muito mais a ser dito, mas isso estraga a surpresa.

E mesmo que eu tentasse não conseguiria passar a overdose de sensações e sentimentos que eles causam em cada um da platéia.

“AOS OSSOS QUE TANTO DOEM NO INVERNO”
(Texto - Sérgio Mello / Direção – Soledad Yunge)
Aos Ossos Que Tanto Doem no Inverno. 60 min. 16 anos. Teatro Ruth Escobar - Miriam Muniz (59 lug.). R. dos Ingleses, 209, Bela Vista, tel. 3289-2358, metrô Brigadeiro. 6.ª e sáb., 21 h; dom., 20 h. R$ 20. Até 27/4"

6 comentários:

Duli disse...

vc poderia escrever resenhas. dá vontade de sair correndo mesmo e ver! pq têm coisas q só vc sabe transmitir. valeu pela dica!

beijos

Anônimo disse...

Que bonito, Fernandinha. Gosto muito do jeito que você escreve. Já copiei e publiquei no meu blog também. Aproveitei pra te linkar lá também. Beijos.

Blower's Daughter disse...

Oi,Fê!
Obrigada pelo comentário no meu blog!
Adorei o post de hj!A peça é realmente maravilhosa,eu amei!E vc escreve tão bem...nem tenho o que acrescentar,seu texto é suficiente por ele mesmo!Mtas sensações,mtas emoções e mtas reflexões,adoro!Hehehe!
Foi bom eu ter saído com vcs no sábado e quase que eu não fui,hehe
Bjokas,amiga!
Te amo!

Karina Zichelle disse...

Fe!!!
Lindo!
Descreveu muito bem o que sentimos ao sair do teatro. Primeiro não há palavras para comentar, cada palavra do texto nos invade nos transportando para àquele cenário que personifica a própria personalidade do personagem.
Beijokas!
Já estou com saudades.
^^

Karina Zichelle disse...

Passa no meu blog, tb fiz as minhs cnsiderações sobre a peça.
Beijinhos!
^^

Erika Horn disse...

Fiquei com vontade de ver.
Amanha to de volta à Paulicéia..quando nos econtramos?
Beijoooooo