segunda-feira, 3 de março de 2008

S A U D A D E

Saudade nunca é uma só...
Tenho tantas saudades... da minha infância e da sensação de que cada dia era um ano inteiro, tenho saudade de ver a lua chegar no céu no final da tarde, tenho saudade de quando meu pai me acordava de madrugada virando sábado e falava para eu fazer as malas porque íamos para Marília e eu ficava assistindo o sol nascer de dentro do carro na estrada comendo fandangos e bebendo coca-cola na latinha, tenho saudade do ginásio, de ficar a toa à tarde no colégio, de fazer curso de inglês com 13 anos, de andar a cavalo na hípica de santo amaro toda segunda e quarta, tenho saudade de gostar do Márcio Nunes, tenho saudade de descobrir sensações e sentimentos novos, tenho saudade de certas vivências corporais, tenho saudade do primeiro e segundo ano de faculdade quando eu achava palpável a idéia de virar diplomata e viajar o mundo lutando pelos seres humanos e por um Brasil melhor, tenho saudade das amigas que estão partindo em busca de sonhos e das que ficaram, tenho saudade de assistir sessão da tarde na globo, tenho saudade de certas tarefas da pré-escola, de sentir cheiro de giz de cera, de comprar material escolar todo começo de ano, de assistir ao desenho do Popeye e do Pica-pau, tenho saudade de gostar de certos meninos, tenho saudade da praça Roosevelt a semana inteira, tenho saudade da Dani e da Cammys e de ir ao McDonald's com elas e de rir muito por culpa do gás hilariante do refrigerante, tenho saudade de ler revista Capricho (na minha época era muito melhor), tenho saudade de comer arroz e feijão com salsicha assistindo Chaves logo que voltava da escola aos seis anos, tenho saudade de fazer sopão para a população carente no Centro Espírita que eu freqüentava em Marília, tenho saudade de ver meu primo aprontar com os moleques da rua no Campo Belo, tenho saudade de ver meninos com seus carrinhos de rolimã, tenho saudade do meu primeiro beijo, tenho saudade de morar em Marília com suas tardes ociosas e aventuras na rua de 16 anos, tenho saudade de ir na USP descer ladeiras de grama sentada em papelão, tenho saudade de ir ao autódromo de Interlagos assistir Fórmula Truck e Stock Car nos sábados ensolarados de inverno, tenho saudade de ser uma menina muito moleca sempre metida nas aventuras de um bando de moleques skatistas vizinhos de prédio, de viajar pelas cidades próximas a São Paulo para conhecer Kartódromos mais legais, de ir a Campos do Jordão vestindo saias e meias grossas, de ir toda semana ao cinema para ver os lançamentos, tenho saudade de todos cachorrinhos filhotes que ganhei, e de todos cachorros que já me deixaram, tenho saudade do frio na barriga que me dava antes de toda competição simples de hipismo, de assistir ao MTV Movie Awards, tenho saudade de aprender muitas coisas, aprender a escrever, aprender a andar de bicicleta, de patins, tenho saudade de ir a Av Paulista nas tardes de Domingo só pra ver o que acontece por lá, tenho saudade de alguns professores, tenho saudade de um cavalo andaluz negro de nome Fidalgo que sempre me acompanhava nas aulas de hipismo e nunca me deixava cair. Tenho saudade dos irmãos que não tive, de comer pão com salame no recreio, de amigas e amigos que me marcaram muito apesar de passar muito rapidamente pela minha vida, tenho saudade de ouvir músicas medievais, tenho saudade de pegar minha câmera e filmar as reuniões de família, tenho saudade de deitar na areia sob o sol, de sentir cheiro de chuva e de grama molhada, de tomar banho de chuva como se tudo que existisse no mundo fosse aquela tarde, tenho saudade de Woodstock 69 e de tudo implícito, tenho saudade de cidadezinhas do interior da Inglaterra que nem conheço ainda, tenho saudade do amor que nunca tive.
Entre tantas coisas, tenho saudades...

4 comentários:

Duli disse...

Que texto gostoso!
Juro que visualizei cada cena sua!
Nos conhecemos há 5 anos e eu lembro de algumas coisa, sabia? Algumas de você contar e outras por ter vivenciado...
E foi no churrasco do seu aniversário de 18 que selamos e lacramos essa amizade sincera. Quando conheci a Lila, vi como sua família é linda, engraçada, acolhedora. Não me esqueço...
E sabe, porque a gente deixa de fazer certas coisas? Eu sei que muitas não são mais possíveis pela vida adulta, mas outras até que poderiam voltar - não como antes - mas "adaptadas" às nossas vidas.
Caraca, lembrei de muita coisa minha também. Obrigada pelo belo texto e por me recordar tantas coisas boas.
Por compartilhar esses momentos da sua vida com a gente...
beijos

Blower's Daughter disse...

Fê,minha linda amiga!
Qdo eu li esse texto no e-mail que vc mandou(respondendo a enquete) eu achei tão lindo!!!Assim como a Adilah,visualizei as cenas e tb lembrei de muita coisa minha!Foi tão gostoso!Sinto saudades de tanta coisa tb!Sinto saudades de mim...hj eu me perdi!
Bjokaaas,amiga!!!

Karina Zichelle disse...

Nossa memóriafica marcada nos momentos que mais sentimos saudades. Asaudade de certas épocas é o que as mantem vivas. O problema, se é que sepode assim dizer, é essa saudade que não pode ser matada, pior do que aquela queé temporal, não temos como voltar no tempo. MAs e aquelas pessoas que marcaram nossas vidas, e que vivem na mesma e agitada cidade que a gente? Por que não as vemos de novo?
A pessoa que inventou a saudade nunca a sintiu, porque se a tivesse sentido, nunca a teria inventado!
Beijokas!
=]

Anônimo disse...

Tenho saudades desta garota linda que transfere tão bem seus sentimentos para estes textos! E sinto culpa por não ter ido ao encontro dela na praça no sábado, Perdoa?????
Beijo muito muito grande!
Mardonis