Não há amor aqui.
Há a ilusão de um possível amor.
E há solidão.
Muita solidão.
Daquela que dói.
Não há amor aqui.
Nem um pouquinho. Nem de faz de conta.
Há casa, comida e roupa lavada. Há prosperidade.
Há companheirismo de alguns raros.
Mas amor, isso não.
Não sei mais por que insisto em achar isso.
A m o r.
Em algum canto. Qualquer canto.
Numa voz bonita. Em um olhar diferente.
Numa piada ou gesto.
Por que continuo insistindo se todas evidências vão contra justamente o que ando buscando?
Por que quero algo que tudo e todos me mostram constantemente que não existe, ou que não vale a pena.
Amanhã vou me reapaixonar por cada um dos ruivos que vejo, que nem me dão bola.
Amanhã vou sair de casa sozinha.
E provavelmente vou voltar sozinha. Mais uma vez.
Bem sozinha e triste.
Com o peito cheio de dardos atirados só pra me machucar mesmo.
Vou tomar banho e não vestir nada.
Vou deitar na minha cama totalmente nua.
E de novo não vou conseguir dormir.
Vou pensar em tudo o que fiz. Em tudo o que aconteceu.
E mais uma vez em tudo que fiz. Durante a noite. Durante a vida.
Vou me lembrar que já está amanhecendo.
Vou ter qualquer idéia brilhante, como sempre tenho quando me dá sono.
Não vou anotar e vou dormir.
Pra esquecer tudo.
Vou guardar só o que foi bom.
E vou sonhar só com o que foi bom.
E vou dormir pensando nele.
Naquele ele. Posso até sonhar com ele.
Justamente ele. Que não deveria estar ali me atordoando os pensamentos e os sentimentos.
Porque ele já viveu bem mais que eu.
Porque ele já tem seus próprios pensamentos e sentimentos para se preocupar.
E eu sou só mais uma menina. Uma garotinha que aparece como uma visão sem sentido.
E o taxista que me trouxer pra casa vai ficar matutando porque uma menina assim como eu volta pra casa sozinha.
Vai se perguntar e vai me perguntar por que eu não tenho um namorado que me traz pra casa àquela hora da manhã.
E eu também vou me perguntar isso e não vou saber responder.
Vou dar a ele meu silêncio. E talvez um sorriso sem jeito.
O taxista vai pensar que sou algum tipo de puta da Augusta ou pervertida.
E eu vou ficar mais triste.
Vou pagar o táxi sozinha.
E vou procurar minhas chaves.
Abrir o portão. Abrir a porta. Olhar o céu.
Olhar o céu novamente.
Pegar uma garrafa d'água.
Um banho.
Um lençol bem gelado.
Um corpo cheio de gotas d'água.
Pensamentos loucos e insanos.
O quarto clareando e eu ficando mais triste.
Mais triste e mais só.
Até dormir.
2 comentários:
Se for para pré-meditar as coisas, faça isso para o lado positivo. Não adianta sair de casa com um "roteiro" traçado.
A gente sai de casa esperando algo, todo mundo é assim. Por isso, buscamos o meio que nos convém, com as pessoas que nós gostamos.
Ou então, vá com a mente limpa e deixe rolar, mas nunca pense que o final será triste. Nunca.
- Quanto a pergunta que fez no meu blog, resposta: ninguém me inspirou. Essas coisas saem da minha cabeça, sei lá de onde vêm. -
Desejo, sinceramente, que hoje sua noite seja especial.
Beijos
Sabe, eu tenho me sentindo tão velha, como se estivese no final daminha vida. Nãocomo uma garota de 20 anos, cheia de caminhos e possibilidades, aventuras e sensações.
Eu estou cansada...
E eu, assim, como vc, insisto nessa mesma busca, e me sinto tão sozinha... Tenho querendo ficar mais ozinha mesmo, e assim as coisas funcipnam como num círculo, vicioso, dolorido...
Beijos linda...
Abra a porta para a fênix ser livre.
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