sexta-feira, 21 de março de 2008

Fim de noite

Não há amor aqui.
Há a ilusão de um possível amor.
E há solidão.
Muita solidão.
Daquela que dói.
Não há amor aqui.
Nem um pouquinho. Nem de faz de conta.
Há casa, comida e roupa lavada. Há prosperidade.
Há companheirismo de alguns raros.
Mas amor, isso não.
Não sei mais por que insisto em achar isso.
A m o r.
Em algum canto. Qualquer canto.
Numa voz bonita. Em um olhar diferente.
Numa piada ou gesto.
Por que continuo insistindo se todas evidências vão contra justamente o que ando buscando?
Por que quero algo que tudo e todos me mostram constantemente que não existe, ou que não vale a pena.
Amanhã vou me reapaixonar por cada um dos ruivos que vejo, que nem me dão bola.
Amanhã vou sair de casa sozinha.
E provavelmente vou voltar sozinha. Mais uma vez.
Bem sozinha e triste.
Com o peito cheio de dardos atirados só pra me machucar mesmo.
Vou tomar banho e não vestir nada.
Vou deitar na minha cama totalmente nua.
E de novo não vou conseguir dormir.
Vou pensar em tudo o que fiz. Em tudo o que aconteceu.
E mais uma vez em tudo que fiz. Durante a noite. Durante a vida.
Vou me lembrar que já está amanhecendo.
Vou ter qualquer idéia brilhante, como sempre tenho quando me dá sono.
Não vou anotar e vou dormir.
Pra esquecer tudo.
Vou guardar só o que foi bom.
E vou sonhar só com o que foi bom.
E vou dormir pensando nele.
Naquele ele. Posso até sonhar com ele.
Justamente ele. Que não deveria estar ali me atordoando os pensamentos e os sentimentos.
Porque ele já viveu bem mais que eu.
Porque ele já tem seus próprios pensamentos e sentimentos para se preocupar.
E eu sou só mais uma menina. Uma garotinha que aparece como uma visão sem sentido.
E o taxista que me trouxer pra casa vai ficar matutando porque uma menina assim como eu volta pra casa sozinha.
Vai se perguntar e vai me perguntar por que eu não tenho um namorado que me traz pra casa àquela hora da manhã.
E eu também vou me perguntar isso e não vou saber responder.
Vou dar a ele meu silêncio. E talvez um sorriso sem jeito.
O taxista vai pensar que sou algum tipo de puta da Augusta ou pervertida.
E eu vou ficar mais triste.
Vou pagar o táxi sozinha.
E vou procurar minhas chaves.
Abrir o portão. Abrir a porta. Olhar o céu.
Olhar o céu novamente.
Pegar uma garrafa d'água.
Um banho.
Um lençol bem gelado.
Um corpo cheio de gotas d'água.
Pensamentos loucos e insanos.
O quarto clareando e eu ficando mais triste.
Mais triste e mais só.
Até dormir.

2 comentários:

Duli disse...

Se for para pré-meditar as coisas, faça isso para o lado positivo. Não adianta sair de casa com um "roteiro" traçado.
A gente sai de casa esperando algo, todo mundo é assim. Por isso, buscamos o meio que nos convém, com as pessoas que nós gostamos.
Ou então, vá com a mente limpa e deixe rolar, mas nunca pense que o final será triste. Nunca.

- Quanto a pergunta que fez no meu blog, resposta: ninguém me inspirou. Essas coisas saem da minha cabeça, sei lá de onde vêm. -

Desejo, sinceramente, que hoje sua noite seja especial.

Beijos

Karina Zichelle disse...

Sabe, eu tenho me sentindo tão velha, como se estivese no final daminha vida. Nãocomo uma garota de 20 anos, cheia de caminhos e possibilidades, aventuras e sensações.
Eu estou cansada...
E eu, assim, como vc, insisto nessa mesma busca, e me sinto tão sozinha... Tenho querendo ficar mais ozinha mesmo, e assim as coisas funcipnam como num círculo, vicioso, dolorido...
Beijos linda...
Abra a porta para a fênix ser livre.