Quarta-feira: Mini-maratona pessoal de Teatro em São Paulo.
21h - Teatro Fábrica - Querência
24h - Satyros II - AntiJustine
Fali mais uma vez...
Gastei meus redondos R$ 50,00 em menos de 4 horas.
Sem contar as peripécias no trânsito e as aventuras contra as ampulhetas no caminho.
Saída do trampo: às 19:24h
Chegada na casa da Kik's: às 19:50h
Saída da casa da Kik's (Moema): às 20:16h
Passadinha rápida no Banco.
Parada no Posto. Vários Semáforos. Casa do Mardonis. Paulista (20:50h). Consolação. Achar um estacionamento e parar o carro.
Chegada no Teatro Fábrica (Consolação): às 20:57h
Nesse meio tempo, várias buzinadas no trânsito lento, várias risadas dentro do carro com meu querido amigo. Várias manobras perigosas. Muitos caminhos cortados. Pressa.
Paramos o carro, falamos correndo com o tiozinho do estacionamento. Saímos correndo pela Consolação. Eu de salto, ele me puxando. Bombinha para asmáticos. Compramos ingressos. No more money for me. Ele ainda tinha cheques. Nos prometemos passar no banco após a peça. Ou pedir emprestado em último caso.
Entramos, sentamos, causamos desligando os celulares histéricos. Silêncio.
Num canto, um homem, um violão.
Outro homem. Noutro canto. Facas. Chicote. Manta. Terço. Chapéu. Lenço florido.
A vibração das cordas do violão interrompem o silêncio. O som chama o ator ao palco.
Ele aparece. E de dentro dele saem outros eles. Outros vários eles. O menino, o Avô. O Lobisomem, a Mula. O adestrador de cavalos, o sertanejo arrogante e esbanjador, o Pai, a Mãe e a menina, Vicentina. Vicentina rouba o coração do adestrador, e junto rouba o coração da platéia. Sem precisar sequer mostrar seu rosto. Apenas nas palavras do fabuloso ator. Melhor ainda, nas palavras do texto nas expressões do ator, interpretando o amansador dos potros chucros narrando como é belo seu amor por Vicentina.
Ela vem assim, suave, constituída por nada mais que um lenço florido e um chicote dobrado. Ela ganha vida e sentimento nas mãos daquele ser humano maravilhoso presente em cena.
Ausente de si, mas cheio de personagens e sentimentos.
Uma surpresa na história muda seu rumo completamente. As emoções das personagens no Nelson se confundem com as emoções da platéia. Nós choramos cada vez que ele engole seco e prende os lábios para conter o próprio choro. Cabra macho não derrama lágrimas. Por que ele chora? Se você não assistiu a peça não vou tirar o encanto da história. Até porque o encanto pertence somente a Nelson.
Nós, platéia, acompanhamos a busca do chucro amansador de potros a galope. Viajamos por todo Brasil.
Sofremos sua agonia e ansiedade juntos. Empunhamos seu facão com todas as nossas mãos. Nos unimos em mãos e respiração. Respiramos silenciosamente em coro. Sentimos o sangue e o ódio do traidor.
De tão bem ambientados que fomos por Nelson e pelo texto, sentimos o silêncio, o cheiro do mato, o casebre mal iluminado, o cheiro da pinga, talvez até um grilo ou outro começando a cantar lá fora.
A luz enfraquece gradativamente, a música vai se perdendo. Recobramos a realidade e os sentidos. Ou perdemos os sentidos definitivamente, não sei ao certo.
A luz acende. Aparece um homem com o violão encostado aplaudindo o outro homem no centro do palco. Em pé a platéia faz questão de chover aplausos. Uma nostalgia, misturada com uma alegria, misturada com uma tristeza, misturada com todos os sentimentos de fim da infância nos invade. Dá vontade de ligar pra mãe.
Vontade maior dá de ser amada, assim como foi Vicentina por seu repentista de palavras simples e olhar humilde, ele, o amansador de cavalos mais querido.
Meu coração lembra e chora. Queria eu virar tinta preta, grafite ou carvão e viver dentro desse lindo texto que é "Querência".
Se ficou com vontade de ver Querência agora é uma pena mesmo, porque não tem mais. Ontem foi o último dia. O último dia do texto mais lindo da cidade.
Peguei Nelson Peres nos braços e o deixei no pedestal escondido ao lado de Gero Camilo. Agora meus dois atores favoritos estão juntos e guardados para sempre.
Peças Favoritas: Querência e Aldeotas
Atores Favoritos: Nelson Peres e Gero Camilo.
Fica aqui registrado, caso algum dia eu esqueça das razões que me aproximaram do mundo maravilhoso do teatro. Ou caso alguns homens me machuquem fazendo com que eu me afaste.
Quanto ao AntiJustine, lógico que y estava lá, e lógico que ele perguntou das outras. Se referindo às adoradas amigas. Nunca é de mim. Ele simplesmente não se interessa. Muito fácil?
"- Nenhum deles quer saber de mim."
E eu, mais uma vez, senti os cacos de vidro dentro de meus sapatos. Muitos cacos de vidro.
Graças à vida, eu estava amparada por dois grandes amigos. Um deles rebateu à pergunta do mocinho-bandido com um comentário surpresa.
Ele fez uma cara de sei lá o que... meio que de curioso misturado com medo misturado com loucura. Aquelas caras dele. Mas no fundo ele não liga!
Pra essa peça eu já não tinha um puto no bolso. Meu amigo tinha cheques. Muitos cheques que salvaram nossa noite e forraram nosso estômago. E gelaram nossa cabeça com Serra Malte... delícia.
Momento alto da noite: Eu e meu querido amigo. Comendo e bebendo. Aparece meu ser humano favorito, o Super.
No clima do PPP, ele troca olhares, cumprimenta com aquele quase sorriso misterioso que eu gosto muito. Faz brincadeiras com o garçom e abre espaço para uma gostosa conversa enquanto bate um big sanduba. Presença ilustre e rápida no recinto. A melhor presença. Ele nos conta suas peripécias de bebum. Rimos todos. Tenho vontade de lhe fazer um carinho. Meu carinho fica no olhar. Não sei o que ele faria se eu o tocasse espontaneamente. Talvez nada. Talvez me rejeitasse com o olhar de mau que ele sabe fazer muito bem. Eu não suportaria ser rejeitada por ele. Por ele não!
Mas ontem foi tudo bem. Ele estava conversando com um de seus amigos caricatos. Eu me aproximei intrometida que só e ganhei um carinho na cabeça. Ponto alto da noite. Depois disso qualquer um poderia me rejeitar aquela noite. Eu já tinha conquistado o cuidado da pessoa mais especial da área.
"- Super, você precisa de repouso. Mas entendo sua alma inquieta. Tenho nas veias e na alma o mesmo mal, o mesmo bem. Super heróis se recuperam quando se atiram dos precipícios. Eu estarei lá embaixo esperando de braços abertos."
Às amigas maravilhosas que não me viram chegando ou saindo: Agradeço a acolhida em seu lar...
4 comentários:
Oi,Fê!
Nossa,vc falando da peça me deixou com uma vontade danada de assistir,haha,que pena que já acabou!Nossa,mas com sua descrição,deu pra entrar no clima da peça,bom,acho que deu né,pq eu não estava lá,hehe!
Essa sua paixão pelo teatro me fascina!
E adorei vc falando sobre o momento alto da noite.
Bjokas!!!
Te adoro!
Oiii!!
Nossa, Fe, suas mãos devem estar calejadas de tanto escrever. E isso é ótimo!! Não me surpreenderia se daqui há algum tempo eu passasse em frente a uma livraria e visse seu nomezinho estampado na capa de algum livro. Fascínio de escrita!! Essa sua mini maratona, heim. rs ufa! Chegaram a tempo...ainda bem que chegaram a tempo,né. rsrs
Beijokas,flor!!
Cuide-se...e não se esqueça de colher as orquídeas do caminho...
oh, amiga...se vc soubesse como estou me sentindo hj...vou escrever, deixar minhas emoções explodirem no papel...é isso!
ah, adorei o texto...como sempre arrasando e arrasando pela cidade tb!
te amo!
bjs
Fê vc lembra de tudo com riqueza de detalhes, amiga vc tem memória!!!! E sua memória não sou eu! rsrs. Foi uma noite muito muito muito legal, estarei aqui sempre é só ligar, vc já me conhece o suficiente para saber que adoro ser surpreendido por estes convites malucos no meio da semana... hehe Caramba acho que se o Nelson ler a sua descrição da peça ele se arrependerá de não ter te convidado para a estréia, pois com essa sua divulgação a bilheteria ia bombar, eu mesmo até assistiria novamente, várias vezes. Que coisa linda, realmente dá vontade de ligar pra mãe. E só uma pessoa sensível como vc é capaz de compreender tão lindamente uma história tão doce quanto foi aquela que tivemos a sorte de ouvir pela voz daquele grande ator, e o melhor resumi-la de um modo tão fiel e bem escrito, os meus sentidos foram novamente aguçados, e minhas lembranças passaram pela minha mente ao ler "Mini Maratona", vc me emocionou... acho que preciso da minha bombinha de asma...
Te adoro muito!!!
Mardonis
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