segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"Na tensão dos mínimos movimentos"

Fiquei meio triste mas estou melhorando. Algo entre sábado às 6 horas da manhã e o atual instante me fez feliz.

Domingo fui assistir a peça ROXO, no Satyros, na mesma praça de sempre. É lá que me sinto em casa... até solto os cabelos. Gostei bastante. Assistiria de novo, pois o texto do Jon Fosse é foda! Parecem fragmentos de diálogos... todos os pensamentos, dúvidas e incertezas ficam retidos nos olhares... na tensão dos mínimos movimentos...
Ele trata os sentimentos de maneira muito incisiva. É um texto bastante delicado. Fiquei muito comovida, fui a única... o objetivo deles era causar estranheza. Tenho a impressão de que só eu entendi os problemas das personagens. Isso não é verdade. A verdade é que fiquei muito comovida. Só não chorei porque tenho vergonha. Pra tentar manter a velha imagem de força e indiferença, ou de superioridade. Mas na verdade estava pisando em cacos de vidro.

Muitas vezes me sinto como uma personagem. Uma marionete do destino, do acaso, da vida, das circunstâncias... do que for que se encarrega de girar o mundo. Se eu fosse uma personagem eu seria de Jon Fosse.
Me deixei envolver pela peça. Me deixei envolver pelo teatro. Pelos atores. Toda minha atenção e pensamentos estavam ali com eles. Isso é raro.
Em um certo momento, o cara chora, de costas para nós. Humilhado, sozinho, sem amigos, sem garota, sem avó nem mãe pra dar colo. Eu chorei junto com ele. Mas ninguém viu. Porque ninguém nunca vê. Porque alguns até sentiram ódio dele. Mas eu senti ele. Ela sentiu também. E levou ele embora.

Mesmo acompanhada, recebi a atenção desejada. Indevidamente, mas recebi. Desculpe se eu estava chata ou introspectiva, o problema é que penso demais. Um dia você também vai notar e me falar isso.

Continuarei indo pra casa num estado meio alterado até encontrar alguém que queira cuidar de mim.

Vai perder uma boa parte dos cachinhos... gritei em pensamento NÃO!
Momentos de silêncio... não disfarça não, eu vi você olhando...
Rouba um gole da minha cerveja... não precisa pedir, é só roubar. Gosto muito.
E mais uma vez... ali na mesa do bar, senti que gosto dele. Que não posso, mas que gosto.

Foi isso. Daí tomei bronca do meu pai, por chegar em casa meia noite no domingo... Assim não dá! Não sou mais criança. Será que as pessoas ao meu redor não entendem que as horas não funcionam comigo?

Hoje eu casaria com você. Ou com qualquer um que me prometesse algo diferente. Apenas para não ter mais horas...

É isso.

2 comentários:

Duli disse...

Que texto lindo! Amei...
Realmente, há lugares q fazem nos sentir em casa.
Há pessoas que fazem nos sentirmos bem. Simplesmente bem. Por nada. Só de estar ao lado. Basta. Já estamos bem.
Só o tempo pra determinar um rumo pra história. Por enquanto, deixe-a sem rumo mesmo.
Não se sente bem?
Então fique bem com suas vontades...
Beijoooos

Erika Horn disse...
Este comentário foi removido pelo autor.