quinta-feira, 10 de julho de 2008

Filosofia de quê?

***
















Escreva um filho, plante um livro, faça uma árvore.
As pessoas costumam ter uma filosofia de vida. Carpe Diem, Inutilia Truncat, In Omnia Paratus, Aperte o foda-se, Siga suas vontades, Viva cada dia como se fosse o último, A vida é uma só, Corra atrás de seus sonhos, Vivo um dia após o outro... Enfim.
Me dei conta de que nunca fui de seguir filosofias. Nunca apertei definitivamente o botão do foda-se porque não consigo me desligar, não sou louca o suficiente para muitos estilos de vida ou resoluções drásticas, não consigo magoar ninguém, nunca fiz mochilão ou couch surfing, nunca larguei tudo pra ir atrás de um grande amor, enfim, nunca fiz muitas coisas que levam algumas pessoas a escreverem livros bem sucedidos ou não sobre coisas que todo mundo faz, na medida do possível, ou que não tem coragem de fazer.
Nunca fui de seguir filosofias de vida. Nunca busquei a paz. Nem a guerra.
Talvez eu tenha seguido já todas essas filosofias, em tempos diferentes da minha vida separadamente, ou mesmo todas juntas em um só tempo. E sempre tive tanto a paz quanto a guerra presentes, caminhando juntas, de mãos dadas.
Talvez, justamente por seguir todas, eu não siga nenhuma. Talvez seja exatamente o contrário. Não sigo nenhuma e daí todas filosofias me seguem.
Escreva um filho, plante um livro, faça uma árvore.
Sou uma pessoa muito simples. Muito mesmo. Não tenho grandes ambições. Quero o que todos querem atualmente: estabilidade.
Quero um carro meu, uma casa minha, e um dinheiro todo meu, só pro meu prazer.
Nem precisa ser muito. Tem que ser suficiente. O problema é que para muitas pessoas, inclusive eu, o suficiente tem uma enorme capacidade elástica. Igual chiclete. Pode ser só uma bolinha amassada na ponta dos dedos. Como pode ser aquele chiclete que vc segura nos dedos e nos dentes e estica até virar um fio. Até estourar.
Depende do momento e das pessoas envolvidas em sua vida.
Escreva um filho, plante um livro, faça uma árvore.
Mas, por enquanto, a simplicidade, a estabilidade, a segurança, têm tomada conta das minhas preocupações. Sou uma pessoa sozinha. Filha única. Meus pais não vão viver pra sempre. Muito menos o dinheiro deles.
Família? Não dá pra contar com ninguém além do pai e da mãe. Tio, tia, avó, avô, irmão, irmã, primo, prima, marido, amigos... tudo isso some depois que os caçulas casam.
Mas eu sou filha única. Minha família pára em meus cachorros. São a extensão máxima do afeto que posso ter em uma vida.
Escreva um filho, plante um livro, faça uma árvore.
Filosofia de vida é piada. Principalmente quando a única coisa que se segue são vontades. E essas vontades, 90% do tempo, não são as minhas.
Sou uma pessoa sozinha. Para me suprir não vou precisar de muitas coisas. Menos ainda de ostentação. Não consigo me imaginar nem daqui a cinco anos.
Por esse motivo, há muito tempo que não consigo nem sequer fazer planos.
Só estou vivendo. Simples assim.
A única coisa que incomoda é esse nó crescente bem no miolo de cada pensamento do dia.
Minha filosofia? Escreva um filho, plante um livro, faça uma árvore.
Depois vá brincar com ornitorrincos amestrados.
Chibatadas,
Alice Bell.
***

6 comentários:

pseudo_retardado disse...

uma dica...

desligue a tv e vá ler um livro...

Duli disse...

Seria "não ter uma filosofia de vida" uma "filosofia de vida"?
O que quero dizer é que cada vida tem certas particularidades que fazem com que o dono delas tenha sua personalidade.
Acho que a personalidade é baseada nesses fatores. Eles até nos privam de certas coisas, mas aí que está a diferença: vale viver de mentira?
Qta gente vc conhece q adota uma tal "filosofia de vida", veste a filosia para que todos a enxerguem e a rotulem muitas vezes como superior, mas no fundo, assim qdo se tira a fantasia, a pessoa é cheia de medo, cheia de limites e tal?
Antes ser verdadeiro e respeitar os impedimentos parciais do ter uma filosofia de vida de aparências.
É só uma opinião! Um palpite!
Adorei o texto e o tema!
beijosss

Tally M. disse...

eu gosto muito de orson welles. ele disse - li num livro - que todos nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos e, através do amor e da amizade, criamos a ilusão de que temos companhia. talvez ele tenha razão e seu texto me lembrou muito isso... muitas vezes eu acho q ele está certíssimo e que eu sou uma pessoa sozinha. eu sou sozinha. o próprio verbo ser já vem acompanhado de uma carga de solidão. mas o estar, não. o estar permite que os outros se aproximem. eu sei que sou sozinha, mas não estou sozinha. gosto muito de uma música do r.e.m. que diz "i do believe that i'm not alone". e eu acredito que vc tb não está!

vc escreve tão bem q eu acabei me empolgando no comment, pfffff... haha

beijo

Will edwbs@bol.com.br disse...

Nem sei se vc ainda está tão só quanto há um ano. Sinto-me só desde os 12 anos (atualmente 36) quando tive que me mudar. Mas não foram 24 anos de solidão. Conheci muitas pessoas, tive muitos momentos verdadeiros, vivos mesmo, mas que se foram. E outros momentos bons se suscederam. Mas precidei desses 24 anos (um pouco menos) pra perceber que sou eu que me sinto sozinho. É apenas o meu sentimento e o meu movimento involuntário buscar a solidão e o isolamento. E mais ainda, percebi que eu, por mim mesmo, nada valho, e acabei "pendurando-me" nos objetivos dos outros, ou seja tentando ajudá-los a realizar. Dessa forma, eu, sem sonhos, passo ao menos a me questuinar, onde quero estar daqui há 5 anos, 3, dois, alguns meses, etc. Mas não pense que me conformo. Quero tirar essa solidão de dentro de mim, e viver com mais liberdade, fluidez, verdade.

Will edwbs@bol.com.br disse...

Nem sei se vc ainda está tão só quanto há um ano. Sinto-me só desde os 12 anos (atualmente 36) quando tive que me mudar. Mas não foram 24 anos de solidão. Conheci muitas pessoas, tive muitos momentos verdadeiros, vivos mesmo, mas que se foram. E outros momentos bons se suscederam. Mas precidei desses 24 anos (um pouco menos) pra perceber que sou eu que me sinto sozinho. É apenas o meu sentimento e o meu movimento involuntário buscar a solidão e o isolamento. E mais ainda, percebi que eu, por mim mesmo, nada valho, e acabei "pendurando-me" nos objetivos dos outros, ou seja tentando ajudá-los a realizar. Dessa forma, eu, sem sonhos, passo ao menos a me questuinar, onde quero estar daqui há 5 anos, 3, dois, alguns meses, etc. Mas não pense que me conformo. Quero tirar essa solidão de dentro de mim, e viver com mais liberdade, fluidez, verdade.

Will edwbs@bol.com.br disse...

Nem sei se vc ainda está tão só quanto há um ano. Sinto-me só desde os 12 anos (atualmente 36) quando tive que me mudar. Mas não foram 24 anos de solidão. Conheci muitas pessoas, tive muitos momentos verdadeiros, vivos mesmo, mas que se foram. E outros momentos bons se suscederam. Mas precidei desses 24 anos (um pouco menos) pra perceber que sou eu que me sinto sozinho. É apenas o meu sentimento e o meu movimento involuntário buscar a solidão e o isolamento. E mais ainda, percebi que eu, por mim mesmo, nada valho, e acabei "pendurando-me" nos objetivos dos outros, ou seja tentando ajudá-los a realizar. Dessa forma, eu, sem sonhos, passo ao menos a me questuinar, onde quero estar daqui há 5 anos, 3, dois, alguns meses, etc. Mas não pense que me conformo. Quero tirar essa solidão de dentro de mim, e viver com mais liberdade, fluidez, verdade.