segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Diálogos

Diálogo 1
Domingo à meia noite:
Ele: O que é que você está pensando da vida, hein Fernanda?
Ela: ...
Ele: Você passou a usar o carro, adquiriu sua liberdade, mas foi além. São Paulo é uma cidade perigosa!
Ela: ...
Ele: Você foi além. Buscou mais liberdades! Extrapolou!!
Ela: ...
Ele: Você EXTRAPOLOU!!!
Ela: ...
Ele: Tudo bem. Você tem amigos, vida social, tem seus compromissos, mas desde quinta, quanto tempo você passou em casa???
Ela: ...
Ele: Você tem família, sabia? Tem que avaliar o que é realmente importante!!!!!
Ela: ...
Ele: Isso não pode continuar assim. A partir de agora tudo vai ter que mudar. Tem que ter limites!!!!
Ela: ...
Ele: Agora vamos dormir porque já está tarde e nós trabalhamos amanhã.
Ela: Tem um barata embaixo do sofá.
Ele: ????
Ela: Tem uma barata embaixo do sofá, ela veio correndo da cozinha para cá enquanto você falava.
(Esse excesso de zelos está, inevitavelmente, me empurrando cada vez mais para fora)

Diálogo 2
Madrugada
Cara 1, Cara 2 e Menina:
A Menina entra no bar, o Cara 1 e o Cara 2 estão ali.
Se cumprimentam.
Cara 1: Menina, você tem fetiche por gordos?
Menina: ...
Cara 2: (...)
Se olham os três. A menina inconformada. O Cara 2 sem graça. E o Cara 1, com uma curiosidade e ironia venenosas. O Cara 1, pega o jornal das mãos da Menina, rasgando-o, e ameaça roubar a rosa já amassando sua haste.
A Menina olha brava e decepcionada para o Cara 1. A Menina olha para o Cara 2 pedindo apoio ou compreensão, apenas com o olhar.
Cara 2: Não liga não, ele está com ciúme.
Menina: Ah, meu querido amigo, o Cara 1 não sente ciúme de ninguém não. Nem da própria alma.
A Menina parte, pequena, com o jornal rasgado na mão e a rosa amassada na outra. Confusa.
(Essa falta de carinhos está me mandando embora. Você já me perdeu, querido, e junto perdeu todas as chances que eu te dera de me reconquistar)

Um comentário:

Duli disse...

ele se importa, e isso é tudo.