sábado, 10 de novembro de 2007

De sapatos novos...

A princípio, eu era a mais quieta, mais introspectiva, mais mal-humorada.
Minhas amigas felizes... por todos os lados, radiantes.
Eu não estava sequer maquiada.
Logo de cara, rostos conhecidos.
Confortável. Roda de amigos.
Entrei no bar procurando algo sem saber direito o que era...
Encontrei. Encontrei meu querido amigo Nelson.
Parecia que eu já sabia que ele estaria ali dentro, daquele jeito. Exatamente como me lembro dele. Com aquela presença marcante, grandiosa. Que só ele sabe ter.
Cumprimentos afetuosos. "Depois eu volto, vou ali fora beber com umas amigas".
Voltamos à roda de amigos.
Conversas engraçadas. Incoerentes, descontroladas.
Pit Stop para "sociabilizar" com as amigas.
As cervejas brotando nos copos.
"Busca outra lá". Está certo, é a minha vez.
Faz social. Volta. "Sociabiliza".
Tudo vai ficando gradativamente mais engraçado.
Tudo acontecendo muito rápido.

Converso com a Marcinha. Ela sim é um ser humano maravilhoso. Não há quem não simpatize com ela. Carismática. Pena que nunca consigo estabelecer uma conversa decente com ela. Geralmente, quando me solto o suficiente para conversar estou muito alterada. Ela deve me achar mais uma dessas descontroladas boêmias da Praça Loservelt (peguei seu termo emprestado Marião).

Aparecem amigos. Que vão embora assim como surgiram.
Comentários dele. Ele repara em muita coisa.
"Seria ciúme? Esse humor levemente ácido, algumas observações expostas na roda."
Droga, estou cansada desses caras que não sabem o que querem.

Volto ao bar para finalmente conversar com meu amigo Nelson.
Como sempre, agradabilíssimo. Afagos. Saudade. Mãos.
Meu carinho por ele vem crescendo de forma muito intensa e rápida.
Ele de ressaca adquirida, eu trabalhando na minha.
Mais cerveja brotando no copo. Uma caninha vem nos visitar.
Eu misturo as bebidas e elas bagunçam minha cabeça. Ainda mais.
Muitos elogios de meu ser humano favorito.
Obrigada. Obrigada, obrigada. Meu anjo!***
A noite só foi melhor pela graça de sua companhia. Meu querido Raro.

Volto para a roda de amigos.
Um deles foi embora à francesa. Eu perdi a partida sem direito a um tchau.
Odeio e adoro despedidas. Odeio por simplesmente ser esse momento de abandono. Adoro por ser dado nas despedidas o melhor abraço. O abraço mais apertado. É nas despedidas que se dá para sentir a intensidade do outro em relação a você. E sentir esses segundos é o que me dá forças até o próximo encontro.
Portanto, não me privem das despedidas nunca. Isso me enfraquece.

Devido aos elogios, à sucessão de acontecimentos da noite, estou leve. Quero dançar, voar, dar piruetas, fazer de conta que estou em um musical.
Percebo que a bebida (ou a mistura delas) fez efeito.
Tudo começa a acontecer mais lento e rápido. Tudo ao mesmo tempo. As conversas ficam fragmentadas. Minhas neuras me lembram de minhas carências.
Todos conversando e eu ausente. Alguns foram embora e eu nem percebi. Não lembro se disse tchau ou não.
Começo a ficar puta por perder trechos dos acontecimentos. Quero saborear tudo, ver tudo, sentir tudo e não consigo mais.

Nelson anuncia que vai embora. Esse tchau eu não perco nem morta!
Ele vai. Não sei porque um segundo tchau é sempre mais gostoso do que o primeiro. No primeiro tchau fica tudo meio atrapalhado. Mas no segundo rola aquela coisa do abraço. Da entrega.
Por isso mesmo, corro atrás dele. Luto pelo segundo tchau. Esse amigo está tão instalado nos meus carinhos que sinto que posso folgar com ele e exigir esse segundo abraço. Tenho direito de ter saudades a poucos metros de distância.
Esse tipo de saudade sinto de pouquissimas pessoas. É quase um privilégio. Mas... sssshhhhiiiuuu, é segredo.

Aproveito e faço a via sacra. Satyros 1, La Barca, Parlapatões, Satyros 2. Vou encontrando mais rostos conhecidos pelo caminho. Todos alterados.
Meu eterno objetivo reaparece. Me concentro nele. A bebida me atrapalha. Eu o assusto. Estrago tudo. Tudo que estava indo perfeitamente bem. Até aquele segundo. Ele até estava me olhannnndooo. Tenho carência dele. Meu Ghandi.

Vejo meu breve e recente passado me confrontando, junto ao presente. Presente que já não deu certo, e que já desencanei. Desencanei desses meninos. Eles são meninos.
Agora eu preciso de homens. De caras que sabem o que querem, o que sentem e que não têm medo de assumir isso. Que se deixam gostar.
Distantes, ele e elas, vejo um desses meninos conversando com minhas amigas. Brando, como sempre. Ele é ótimo. Porém, muito menino. Esse não sabe mesmo o que quer. Ele quer minhas amigas. Todas minhas amigas. Todos eles querem elas. Podem ficar querendo, porque agora quem não quer mais sou eu.

No meio dessa minha via sacra sou abordada. Prometo voltar, pois a abordagem pareceu interessante.
Mando todos que encontrei no caminho à merda (mentalmente) e volto em direção ao meu abordador(?). A surpresa se revela ainda melhor quando ele conta que trabalha com música e palhaçadas (na verdade, é bem mais complexo e interessante do que isso, porém não vou lembrar do extenso nome de sua profissão de belos valores, que envolve uma porrada de coisas artísticas e lindas). Para completar a perfeição, ele pergunta meu signo e me presenteia com um nariz de palhaço... Detalhe: ele tem lindos cabelos cacheados (eu derreteeennnnndooo).
Meu Deus! Ele entende de astrologia e é palhaço!!! Logo eu deveria conhecê-lo mesmo, juro que sempre quis fugir com o circo e namorar um palhaço. Em relação a signos, quem me conhece entende.
Ele é de caranguejo. Química fudida!
Um palhaço de caranguejo, que me abordou e me deu um presente, um nariz de palhaço, que entende de astrologia, engraçado, inteligente, de amigos gente boa, que beija bem pra porra, gostoso, de cabelos cacheados, que é todinho bem feito, que tem o nome mais perfeito do muuunnndo.

Conheci um anjo. Um daqueles anjos descritos no blog do Nelson (www.escutaze.zip.net)
E que, com certeza, eu já estraguei com meu veneno.

Fui sincera com você o tempo todo. Espero que você tenha retribuído da mesma forma. A diversão fez cada segundo valer a pena. Até te dei meu telefone.
Juro que vou esperar você ligar. Juro que vou esperar. Vou esperar. Estou esperaaannndo.

Minhas amigas foram embora cedinho.
Foi com esse anjo que terminei minha noite e comecei meu dia. Com direito a segundo, terceiro, quarto abraço e até um loooongo beijo.
E o sol nascendo sobre nós.

3 comentários:

Duli disse...

Menina! perdi vários pedaços dessa noite, os q vc sumia...mais é um relato muito bonito e sincero.
Vi diversos trechos da sua descrição sobre a noite, outros num vi...
Mas, no fim das contas aquele belo desfecho...perfeito!
qto a algumas coisas...não leve tão a sério. palavras são só palavras as vezes. nós valemos mto mais na vida de uma pessoa e nem damos conta disso...
mais uma vez a noite perfeita, na companhia perfeita!
te amooooo
beijos

Blower's Daughter disse...

Oi,querida!
Demorei,mas vim ler o texto enorme que vc me falou,hehehe
Qto mais vc escreve,mais eu gosto!
Eu adoro a maneira que vc descreve as coisas...sabia que me deixa com uma puta vontade de presenciar todos esses acontecimentos?hehehe!
E esse anjo-palhaço que vc conheceu hein?Nossa,parece ser uma pessoa mtooo legal,boa,divertida e encantadora.
Bjokaaas!

Anônimo disse...

Ferrrrr, adorei essa parte: "Agora eu preciso de homens. De caras que sabem o que querem, o que sentem e que não têm medo de assumir isso. Que se deixam gostar." Perfeito hein!!!
E vamos falar sério, essa noite q vc descreveu pareceu muito perfeita hein?! Q bommmm!!!!
Bjoooosss