segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Sob o céu estrelado - Meu final feliz

Antes de qualquer coisa, saibam que tenho verdadeira aversão por finais felizes. E, ao mesmo tempo, adoro quando estes se realizam na vida real.
Segue abaixo um final feliz que escolhi para mim, quando decidi reescrever minha história.
Poder ser bobo ou infantil, mas o amor é assim. Pode ser ridículo ou impossível, mas vou continuar esperando.


Sob o céu estrelado
Ela descia a rua com seu sapato social, sua calça social e sua blusa não tão social. Uma bolsa sóbria a tiracolo e os fios do Ipod conectando Mozart ao seu ouvido e pensamentos.
Ele subia a rua com sua calça xadrez de pano e sua bata indiana. Algumas pulseiras feitas à mão e colar de sementes. Uma mochila nas costas, uma gaita no bolso e um blues nos pensamentos.
O sol se punha ao fim da rua, em um dia que não era quente ou frio. Ameno. Logo em frente aos olhos dela.
O rapaz era lindo. Ela era normal. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Ele era esculpido pela natureza. Cabelos loiros bem curtos, raspados, e pele dourada. Naturalista e vegetariano. De alma hippie. Ela, mesmo tendo um cotidiano capitalista, tinha seus refúgios alternativos. Também possuía uma alma hippie. Um lado adormecido em sua vida.
Ele a avistou. Ela tinha cabelos bagunçados, levemente ondulados e bem escuros. Pele desbotada de quem não sai do escritório ou da cidade há um bom tempo, mas não branca. Cheiro de um dia inteiro no corpo, hormônios e alguma fragrância adocicada.
Ela completamente distraída por suas preocupações, pelo Ipod e pelo sol, não notou o rapaz de alma livre do outro lado da rua. Ele, sempre discretamente antenado, atravessou a rua em direção à menina descabelada decididamente.
Ele, rapaz de ações firmes, parou na frente daquela menina comum, abordando-a com um sorriso inteligente.
Ela, devolveu ao sorriso um olhar desconfiado, escondendo o deslumbre causado por aquela beleza masculina, e titubeou.
Ele se apresentou: “Prazer, sou seu namorado”.
Ela devolveu: “Você demorou em me achar”.
Naquela calçada, eles se encararam por dois minutos. Ela, crente que ele estava arrependido, retomou seu rumo. Ele correu atrás dela e lhe deu um livro, o qual não mostrava título nenhum na capa.
Ela abriu o livro. Na página de dedicatória havia um convite escrito à mão para uma caminhada na Paulista e um telefone anotado.
Ela levantou os olhos do livro, com um meio sorriso esboçado nos lábios, dizendo: “Eu nunca vou te ligar”.
Ele, sentindo as intenções dela, retrucou: “Me dê esse resto de tarde então”.
Passaram a tarde toda numa livraria ali perto.
Jantaram juntos diversas porcarias vendidas na rua. Se descobriram juntos. Mas não dormiram juntos. Ele não quis.
Ele queria deixá-la com saudade. Fazer tudo certo dessa vez.
Ela, não se sentiu rejeitada. Pela primeira vez.
Eles se despediram na mesma calçada em que se encontraram.
Cada um voltou para sua casa, sem trocar nem um beijo. Apenas olhares. Longos e cúmplices.
Uma semana depois, ele a estava esperando na calçada.
Pediu a ela mais uma vez um resto de dia junto dele.
Em meio aos livros daquela livraria ele a pediu em namoro. Mais uma vez através da página de dedicatória de um livro. Primeiro presente dele quando ela o aceitou.
Foi tudo junto, o pedido de namoro, o primeiro presente e o primeiro beijo dos dois. Naquela noite, eles dormiram juntos.
Um mês e nove dias depois ele a levou ao teatro, para assistir à peça de alguns amigos dela. No meio da peça havia uma cena em que um casal discutia. O rapaz queria casar mas a moça não. No meio da cena e da discussão o rapaz-ator entregou a aliança à moça-atriz. A moça-atiz convidou a menina descabelada da platéia ao palco. O rapaz-ator convidou o namorado da menina descabelada ao palco. Em cena, os atores interrogaram a menina descabelada. Perguntaram a ela se ela aceitava se casar com seu rapaz hippie e loiro.
Dois meses depois eles estavam casados.
Em dezembro eles passaram o Reveillon juntos, descalços em alguma praia deserta. Ambos vestindo apenas batas brancas e roupas de banho por baixo.
Estouraram três champagnes. Fizeram de tudo juntos. Estavam felizes por finalmente estarem juntos. Adormeceram sob o céu estrelado.
Ele satisfeito por estar com ela e mais ninguém.
Ela plenamente linda e grávida.
Sob o céu estrelado.

4 comentários:

Unknown disse...

finais felizes existem simmmmmm

E esse aí é lindo!

Duli disse...

que lindo!
gostei muito da história. tb acho q finais felizes existem sim, mas não classificaria como final: acho q buscamos momentos felizes no início, no meio e no fim!
beijos

Karina Zichelle disse...

a história de amor mais linda que eu já vi (li). Eu só queria saber o que acontece depois do ponto final. Ou melhor ainda, onde é o fim? Ácho que temos vários finais felizes enquanto amamos e somos amados, mas e quando o casal se separa, não dá mais certo, onde está o fim? Acho que não existem finais felizes, só finais tristes, que são aqueles que acontecem quando o amor acaba de um lado ou dos dois. quando não há mais como continuar a história de amor. Mas se não há o rompimento, que é o desfecho triste, onde se encaixa o final feliz??? Temos vários finais felizes ao longo da história até que ela acabe, ou até que a morte nos separe. Eu queria ser uma personagem de uma história de amor, porque não importa o que ela faça ou fale, tudo contribui para o "desfecho feliz", eles vão se reconciliar, ficar juntos no fim. Alfuém escreveu pra ser daquele jeito, se fosse outra ação ou outra fala não daria certo, mas como achar essas falas e ações no mundo real? o que fazer para conquistar ou reconquistar aquele que se ama?
eu já estava pesnando em escrever sobre esse assunto, depois do seu post, então, estou mais inspirada. logo logo teremos um texto no meu blog..
beijinhos, linda
te amo!!
^^

Blower's Daughter disse...

Oi,Fê!
Adorei a história!
Principalmente,o diálogo dos dois!E não só a troca de palavras,mas a de olhares tb!Lindo!
Eu não vou ficar aqui filosofando se finais felizes existem ou não,só sei que gostei desse final feliz!
Bjokaaaaaaas!!!