quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Amar assim...

Não estou apaixonada nem nada.
Pelo contrário. Estou justamento o contrário de apaixonada.
Nem sei se há no mundo palavra para isso. Para o que ando sentindo.
Mas sei que amar assim dói. E é bom também.
Pois tira o fôlego. E tira os pés do chão.
E arranca o juízo. E dói. E salva.

Para ouvir enquanto a chuva faz música na janela... ou enquanto o vento acaricia sua pele nesse dia cinza.

Caetano Veloso
"Pecado"

Yo no sé si es prohibido
Si no tiene perdón
Si me lleva al abismo
solo sé que es amor

Yo no sé si este amor es pecado que tiene castigo
Si es faltar a las leyes honradas
Del hombre y de Dios

Solo sé que aturde la vida
Como un torbellino
Que me arrastra, me arrastra
A tus brazos en ciega passión

Es más fuerte que yo
Que mi vida, micredo y mi sino
Es más fuerte que todo el respeto
Y el temor de Dios

Aunque sea pecado
Te quiero, te quiero lo mismo
Y anque todo me niegue el derecho
Me aferro a este amor

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

No espelho do banheiro

Quem é você?
Quem é você que me encara através do espelho?
De quem é essa imagem apagada de vontades.
De quem são esses olhos que eu já não reconheço a cor e não encontro o brilho.
De quem é esse cabelo que não sente o carinho do vento.
De quem são esse olhos que não sabem se riem ou se choram.
Quem é você que não consegue mais rir com a graça e nem se comover com a beleza ou a tragédia.
Quem é você que não sente mais dor ou prazer.
Quem é você que morre de medo de adoecer mas não quer mais acordar.
Que entrou em um labirinto mesmo sabendo que dificilmente encontraria a saída.
Quem um dia teve nobre o espírito mas age hoje com podridão de caráter.
Que se deixou frustrar.
Que deixou todos os sonhos caídos no caminho.
Que se deixou levar.
Que se deixou manipular.
Que se entregou até doer.
Que perdeu a essência, a criatividade.
Quem é você que fala roucamente.
Que perdeu a lucidez e a loucura.
Que não distingue mais dia ou noite.
Que desaprendeu a dizer não ou sim.
Que se amarrou às cordas de um títere.
Que se deixa acariciar por ventrílocos.
Que não ama mais os loucos.
Ou os sãos.
Que não ama.
Nem odeia.
Nem sente.
Nem chora mais!
Que não lembra do passado e nem consegue imaginar o futuro... Nem pensar no futuro. Nem no mais próximo.
Que caminha com os ombros caídos.
Que deixa os olhos varrerem o chão enquanto anda.
Que não expressa mais.
Que não fala mais.
Que não pensa mais.
Que não julga, nem critica.
Que não chora mais!
Que não sorri nem por desespero!
Que não tem compaixão!
Que não sabe ajudar, nem o que falar, nem como agir.
Que não consegue mais olhar nos olhos...
Nem nos olhos do espelho!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

S O L I T U D E

Aperta minha jugular entre seus dedos até faltar o ar.
Põe um elefante sentado sobre meu peito.
Pisa em meus pés com botas de salto agulha.
Quebra os ossos de minhas mãos a marteladas.
Enfia uma faca gelada em meu estômago, e torce.
Arranca meus cabelos e o couro com as unhas.
Arranca minhas unhas, uma a uma, com um alicate enferrujado.
Corta profundamente minha pele com estilete.
Quebra meus dentes e deforma meu rosto com pontapés.
ME TORTURA.
SOLIDÃO, me tortura.
Porque eu já não posso fazer mais nada.
Porque eu já não consigo me livrar de você.
Porque você me espera pelo caminho.
Porque você é o que vai sobrar em meu futuro.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Há muitas pessoas escrevendo sobre o silêncio e a solidão por aí.
Há muitas pessoas escrevendo sobre o silêncio e a solidão.
Há muitas pessoas escrevendo sobre ficar em silêncio e curtir o silêncio. Sobre meditar em silêncio. Sobre ficarem sozinhas em casa meditando no silêncio.
Curtindo sua solidão e seu silêncio. Meditando.
Descobri que preciso aprender a fazer isso.
Pois não sei.
Não sei ficar em silêncio. Não tenho silêncio.
Não sei da solidão boa de se curtir.
Sei ficar em silêncio e tenho solidão.
Talvez até sofra de solidão, mas não sei curtir isso.
Tenho uma casa sempre cheia de gente. Me pedindo mil coisas. Me cobrando mil coisas. Perguntando mil coisas o tempo todo.
Raramente tenho um momento meu.
É como se tivesse um ruído constante no meu cérebro.
Mesmo quando estou completamente sozinha e não tem ninguém cobrando, perguntando, pedindo, falando mil coisas. Há esse ruído.
Um ruído constante no meu cérebro.
Sinto solidão. Constantemente. Mas não aquela boa de se curtir. De fazer o que quiser sozinha em casa. De comer na hora em que quiser.
Nunca como na hora em que quero. Há sempre um horário imposto para isso.
Nunca tenho a liberdade de fazer o que eu quiser.
Há cobranças demais de todos os lados.
Não sei dormir até tarde.
Não posso nunca voltar para casa no meu horário.
A casa nem minha é. Estou lá de favor aos meus pais.
Até eu ganhar dinheiro suficiente para me libertar.
Mas não há dinheiro suficiente nessa cidade.
Não na minha conta.
Sei muito bem ficar em silêncio.
Suporto muito bem minha solidão.
Mas não tenho tempo ou lugar de curtir um ou outro.
Sou constantemente subjugada.
Constantemente cobrada.
Acho que preciso comprar um gato e um apartamento vazio.
Me internar com o gato no apartamento por um mês para aprender a ter um momento só meu.
Quando eu tinha um carro para usar eu tinha minha solidão e meu silêncio.
Aquele momento só meu dirigindo na Marginal, na Paulista, na Consolação. Sozinha.
Meu carro era meu refúgio. Minha liberdade. Minha paz. Mesmo que fosse por 20 minutos (o tempo que eu levava para chegar a qualquer lugar). Desafiando os únicos limites que eu tinha coragem de desafiar (a velocidade).
Não tenho mais nem isso.
Tenho só um ruído na minha cabeça que não me deixa nem pensar, nem trabalhar, nem sentir.
Só ruído.
Tudo ruído.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Loteria Romântica

Definitivamente o amor é algo aleatório.
Há pessoas que são amadas enquanto desprezam.
Há pessoas que têm tanto potencial para amar mas não são vistas da forma certa.
Há pessoas que recebem muitos tipos de amor de todos os lados
mas não sabem dar valor a isso. Apenas brincam com sentimentos.
Há pessoas que só amam.Enquanto há pessoas que só são amadas.
Há pessoas que sabem escolher quem amam e são amadas de volta.
Essas pessoas não tem um estereótipo, ou um tempo certo, ou um cupido certeiro.
Nem são mais inteligentes nem mais afetuosas.
São apenas pessoas. Enquanto o amor age aleatoriamente.
São pequenas loterias sentimentais.
Sorte no jogo ou sorte no amor?
Sorte no jogo e no amor?
Golpe de sorte?
Golpe de mestre?
Tanto faz.
Meu cupido foi dar uma mijada depois de ter errado e gastado todas suas flechas.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

F R A G I L E

Ela era frágil.
Mas ninguém a manuseava com o devido cuidado.
Com cuidado. Qualquer cuidado.
E ela quebrava todas as vezes.
Até virar cacos.
Até viver em cacos.
Lentamente ela ia se recompondo.
Tentando colar os cacos.
Porém ela nunca estava inteira.
Pois sempre a quebravam antes dela se recompor por completo.
Todas as vezes.
Todas as vezes ela se entregava nas mãos dos outros acreditando que eles a ajudariam a se reerguer. A se reconstituir. Que este ou aquele finalmente seria delicado. Saberia lidar.
Saberia ser.
Mas eles não sabiam. Manuseavam de qualquer jeito.
Ela caía e quebrava.
Não é nem porque eles não sabiam.
É porque eles, na verdade, não ligavam.
Manuseavam de qualquer jeito pois não se importavam com a delicadeza dela.
Usavam de qualquer jeito.
Jogavam para cima e para baixo. Jogavam em qualquer lugar.
Atiravam na parede. Deixavam no chão.
Ela confiava. Todas as vezes.
E quebrava.
Cada vez que ela quebrava ela perdia um pedacinho dela no caminho.
Uma lasca minúscula ou não.
E assim ela ia perdendo pedacinhos importantes que a constituíam.
Mudando sua forma toda vez que se reconstituía.
Sua forma ficava cada vez mais feia. Cada vez mais delicada. Cada vez mais difícil de manusear.
Até o dia em que ninguém mais quis se aproximar.
Ela estava feia, deformada demais.
Quando alguém se aproximou demais, se assustou e a chutou, se machucando também.
Ela virou mil cacos pelo caminho.
Ela nunca mais encontrou seus pedaços.
Nunca mais conseguiu se reconstituir.
Dividida em mil cacos jogados pelo caminho, cada parte sua espalhou-se pela cidade.
Passou a viver assim. Nos sapatos dos outros.
No balanço do vento. Nas esquinas, nas calçadas. No chão.
Em mil pedaços que brilhavam para cada um que passava.
Para cada um que passava ignorando seu brilho.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Insônia - Serendipities

Tive mais uma noite insone.
Mas acordei bem.
Muito bem.
Estranho.
Havia algo diferente no ar essa manhã.
Um cheiro diferente.
Um cheiro de novidade.
Uma brisa de vida nova.
Deve vir coisa boa pela frente.
Minha intuição tem tentado me sussurrar muitas coisas.
Mas desaprendi a ouví-la.
Essa manhã foi diferente.
Ouvi um sussurro. Um sussurro de novidades boas pela frente.
De mudanças.
Tomara que as mudanças, as novidades, a vida nova, seja tudo pra melhor.
Há tempos aguardo uma melhora.
A vida anda precisando de coisas novas.
Emprego novo, carro novo, namorado novo, salário novo (e mais alto), um curso novo. Saúde novinha em folha.
Tudo novo.
Dizem por aí que 2008 é um ano de recomeço, numerologicamente falando.
Preciso consultar um numerólogo.
E uma cartomante. E o horóscopo. E as runas. E qualquer coisa que me fale do meu futuro, da minha sorte, do meu destino. De minhas serendipities.
Reavaliar muitas coisas.
Me reinventar. Mais uma vez.
Preservar o que e quem me faz bem. Agregar apenas coisas e pessoas boas.
Pensar muuuuuuuito mais antes de agir.
Agir apenas quando valer a pena.
Recuperar aquele ar bom, aquele brilho e energia que a praça me dava quando comecei a frequentá-la em 2006.
Em finais de semana sozinha. Quando eu não conhecia ninguém...
Em tempos de Aldeotas. Em tempos de Coçando o Saccro. Tempos de Macbeth. Em tempos de Inocência.
Escolhi as companhias adequadas para tais momentos.
Voltarei à praça. Mas para redescobrir o que sempre me atraiu por lá.
A Arte pela Arte.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

R E S P E C T

Respeito...
É tudo que tenho procurado nas pessoas.
Não encontro em lugar nenhum.
O egoísmo deve estar na moda...
Predomina.
Eu nunca fui dada a seguir as tendências.
Muito menos as egoístas.

Ando com uma certa aversão a tudo e todos.
Uma espécie de enjôo homérico do mundo.
Como se estivesse grávida de opiniões e sentimentos.
Estou grávida de sinceridade.
As mentiras, a falsidade, os interesses, me embrulham o estômago.
Tudo isso configura uma falta de respeito sem tamanho.

Não vou enganar ninguém mais.
Não vou me enganar mais.
Serei sincera.
Nem que para isso tenha que parecer grossa.

Terei que voltar a cultivar muuuuita paciência.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Sem ensaio

Eu procurava alguém com quem eu pudesse dividir um silêncio confortável.
Sem aquela obrigação de preencher os espaços dos diálogos vazios com palavras fúteis.
Apenas um silêncio confortável.
Olhar direto na sua pupila não incomodaria.
Alguém que realmente estivesse ali.
Satisfeitos. Um ao lado do outro.
Para entender bastaria um olhar.
Um sorriso. Um levantar de sobrancelhas.
Nossos corpos se encontrariam o tempo todo. Mesmo sem mãos dadas.
Apenas cabeça no ombro, braço no antebraço, pé com pé.
Sem ensaio.
Nossos corpos dançariam em sintonia, sem música. Inconscientes. Mas seguindo a mesma melodia cotidiana.
Se houvessem problemas, estes teriam a forma de um balão. E nós seríamos as pontas de um mesmo alfinete.
Noites carregadas de vinho, conversas e sexo.
Vidas carregadas de respeito e sensatez.
Ambos muito conscientes. Independentes.
Mas inseparáveis.

Mas...
Decidi não buscar mais o amor.
Em prol de minha própria libertação.

Restos do que um dia não foi amor...

Esse são os restos. Meus restos. Só os restos.
Não sei se foi amor. Mas sei que dói.
Continua doendo. Mesmo após todo esse tempo.
Não é a rejeição que dói.
Dói não te ter aqui. Do meu lado.
Dói ter o coração assim tão vazio. Vazio de você.
Dói ter que fingir que estava tudo bem. Principalmente quando não estava.
Quando sua atenção não era minha.
Era dispersa. De todos os outros. Menos minha.
Menos minha. Cada vez mais menos.
Dói menos agora.
Lembro menos de você. Isso é triste.
Pois eu gostava de gostar de você.
Menos dor, menos lembranças, menos amor. Qualquer tipo de amor que eu insistia em ter por você. Agora é menos.
Até ser nada. Nada de dor, nada de lembranças, nada de amor, nada de você.
Nada.
Só nossa folia nos feriados.

Se fosse resolver
iria te dizer
foi minha agonia
Se eu tentasse entender
por mais que eu me esforçasse
eu não conseguiria
E aqui no coração eu sei que vou morrer
Um pouco a cada dia
E sem que se perceba
A gente se encontra
Pra uma outra folia
Eu vou pensar que é festa
Vou dançar, cantar
é minha garantia
E vou contagiar diversos corações
com minha euforia
E a amargura e o tempo
vão deixar meu corpo,
minha alma vazia
E sem que se perceba a gente se encontra
pra uma outra folia

Oswaldo Montenegro

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Cyber Talks

Resposta a um amigo no orkut...

Achei divertido. Queria compartilhar. Mais uma vez.

"1º O blog é: www.cabarepsicodelico.blogspot.com

Mas não ando numa fase boa de escrita.

Não, não sou sado. Só estou do lado de fora. Não participo. Talvez por escolha.

Não estudo nada que estude a massa, a humanidade, o homem, ou derivados.

Não me integro porque nasci uma outsider.

2º Ponta do pelo do coelho??? Agora quem me deve explicações é você.

Não sou lunática. Talvez eu pense demais. Talvez eu seja realmente uma lunática. Mas prefiro acreditar que ainda não. Assim é mais confortável. Também não há mundo paralelo. Há sim um mundo dos seres humanos de verdade. Mas daí é outra teoria.

Se eu digo que a cidade morreu, não é porque eu odeio o mundo, a vida, a cidade, ou porque não me enquadro, ou não pertenço. Não é nenhuma dessas crises existenciais “emos” ou de sentimentos mal resolvidos na infância.. Se eu digo que a cidade morreu é porque ela realmente está morta há muito tempo. Com pessoas que agem como se estivessem mortas. Sem raciocinar. Se deixam levar por quaisquer influências. São comuns demais. Despreocupadas demais. Inconscientes, frias. Submetidas, subjugadas. Caracterizando, compondo uma cidade sem seres humanos reais. Uma cidade morta. Um país morto. Um mundo morto.

Daí a personalidade blasé. A falta de interesse no que está ao redor. A sensação de já ter visto, ouvido, vivido tudo. Da previsibilidade das pessoas.

Ao mesmo tempo em que sei que há sensações, sentimentos, momentos, que compensam toda essa previsibilidade e monotonia da vida. Daí a vontade de viver intensamente a cada rotação da Terra. Uma vontade que essa intensidade dure eternamente. Como se respirar tivesse o efeito de uma boa “bala”.

Nietzsche, Bukowsky, Bertollucci, esses caras decifraram o ser humano. O Homem. As dunas em que escolhi sentar foram construídas por eles. Partilhamos da mesma linha de raciocínio. Estamos do lado de fora do parque olhando para a roda gigante.

Se luto? Não luto, não vale a pena. Se luto? É uma luta silenciosa. Faço quantas cabeças eu quiser, quantas eu puder. Mas somente aquelas que acredito terem potencial. Somente aquelas que eu escolho.

Demorei um ano? E você? Vai precisar de um ano para continuar me analisando estudante de psicanálise?

Gostei desse meu desabafo. Vai pro blog na íntegra.

Beijos e piruetas no miolo do vinho com as unhas vermelhas..."

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Besides...

Apesar da pouca idade,
já vi, já fiz, já ouvi, já soube de muitas coisas que não deveria. Ou deveria.

Apesar da muita idade,
perdi minha liberdade.

Mas esse ano vai ser diferente.

Eu acho injusta demais essa história de que só pai e mãe amam verdadeiramente.
Quando eu amo fácil demais aqueles que não são eles. Além deles.
E aqueles que nem merecem...

Sob o Pôr do Sol - Versão Real e Sem Cortes

Essa é a verdadeira versão da história anterior.

Ela desceu a rua, daquele jeito descrito, enquanto o sol se escondia no horizonte.
Mas o menino hippie nunca passou.

E quando o menino hippie passou, ele não olhou para ela.
Simplesmente porque ele, e todos os outros homens, não notariam uma menina descabelada e cansada pela rua.
Não ligaria para a inspiração que um pôr do sol em São Paulo traz.
Não notou, simplesmente porque ela não era alta, loira e magra. Porque não estava bem vestida.
Porque não se chamava Gisele Bündchen.

A verdade é que ele nunca passou.
Mas ela sempre esperou.

Ela sempre esperou pela única coisa que não possuía.
Que nunca teve. Que não pode nem deve ser nomeado em um mundo onde isso não existe mais.
Em um mundo que vê isso como fraqueza. Quem assume isso é brega...

"O importante é a quantidade, é ser pegador", muitos diriam.
"O importante é ser bem cotada, popular, a mais gostosa, a mais bonita", muitas diriam.

Só os fracassados praticam disputa de egos. Dura realidade. Sinto muito. Na verdade, não sinto muito coisa nenhuma.

Os "fodões" não precisam disso. Estão acima disso.

Não tem pendências de baixa auto-estima adolescente.

Mas a verdade é que o menino nunca passou.
Quando passou, não a viu.
Quando a viu, não a encarou.
Quando a encarou, não a assumiu.

Covardes. Filhos mimados. É isso que vocês são.
Disputas de egos infláveis. Podem continuar meus queridos... isso não vai levá-los a lugar algum.

Ela só queria ser amada. De uma forma simples e sincera.
Talvez "com sabor de fruta mordida".
Era só isso.

Ela era amada. Pelos pais dela.
Que a amavam por convenção.
Não por obrigação, pois nem os pais são obrigados a amar seus filhos.
Apenas por convenção.
Porque se pais e filhos não se amam estão pecando.
É nisso que eles querem que nós acreditemos.

A verdade é que ninguém é obrigado a amar ninguém.

Mas ela continuava esperando o menino passar.
Se ele pelo menos olhasse para ela.
Nem tudo teria sido em vão.

Ela só precisava disso.
E não sabia o que fazer para conseguir.
Não sabia onde ir para conseguir.
Não sabia como agir.
Nem como lidar.

Pois também não sabia amar.

É só mais uma que vai continuar buscando algo que nunca existiu.
Se existiu está extinto.
Há muitos colaboradores para isso.

Viva a nova era!
Viva a disputa de egos infláveis...
Vai lá. Pode ir lá ver quantos mais vão olhar pra você.
Cuide para ser a mais bonita e cobiçada, ok?
Infle bem seu ego, ok?
Pode ir.

Não se preocupe comigo.
Fiz questão de romper meu ego.
Estou fora dessa competição há muito tempo. É que perdi a paciência para coisas assim.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Sob o céu estrelado - Meu final feliz

Antes de qualquer coisa, saibam que tenho verdadeira aversão por finais felizes. E, ao mesmo tempo, adoro quando estes se realizam na vida real.
Segue abaixo um final feliz que escolhi para mim, quando decidi reescrever minha história.
Poder ser bobo ou infantil, mas o amor é assim. Pode ser ridículo ou impossível, mas vou continuar esperando.


Sob o céu estrelado
Ela descia a rua com seu sapato social, sua calça social e sua blusa não tão social. Uma bolsa sóbria a tiracolo e os fios do Ipod conectando Mozart ao seu ouvido e pensamentos.
Ele subia a rua com sua calça xadrez de pano e sua bata indiana. Algumas pulseiras feitas à mão e colar de sementes. Uma mochila nas costas, uma gaita no bolso e um blues nos pensamentos.
O sol se punha ao fim da rua, em um dia que não era quente ou frio. Ameno. Logo em frente aos olhos dela.
O rapaz era lindo. Ela era normal. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Ele era esculpido pela natureza. Cabelos loiros bem curtos, raspados, e pele dourada. Naturalista e vegetariano. De alma hippie. Ela, mesmo tendo um cotidiano capitalista, tinha seus refúgios alternativos. Também possuía uma alma hippie. Um lado adormecido em sua vida.
Ele a avistou. Ela tinha cabelos bagunçados, levemente ondulados e bem escuros. Pele desbotada de quem não sai do escritório ou da cidade há um bom tempo, mas não branca. Cheiro de um dia inteiro no corpo, hormônios e alguma fragrância adocicada.
Ela completamente distraída por suas preocupações, pelo Ipod e pelo sol, não notou o rapaz de alma livre do outro lado da rua. Ele, sempre discretamente antenado, atravessou a rua em direção à menina descabelada decididamente.
Ele, rapaz de ações firmes, parou na frente daquela menina comum, abordando-a com um sorriso inteligente.
Ela, devolveu ao sorriso um olhar desconfiado, escondendo o deslumbre causado por aquela beleza masculina, e titubeou.
Ele se apresentou: “Prazer, sou seu namorado”.
Ela devolveu: “Você demorou em me achar”.
Naquela calçada, eles se encararam por dois minutos. Ela, crente que ele estava arrependido, retomou seu rumo. Ele correu atrás dela e lhe deu um livro, o qual não mostrava título nenhum na capa.
Ela abriu o livro. Na página de dedicatória havia um convite escrito à mão para uma caminhada na Paulista e um telefone anotado.
Ela levantou os olhos do livro, com um meio sorriso esboçado nos lábios, dizendo: “Eu nunca vou te ligar”.
Ele, sentindo as intenções dela, retrucou: “Me dê esse resto de tarde então”.
Passaram a tarde toda numa livraria ali perto.
Jantaram juntos diversas porcarias vendidas na rua. Se descobriram juntos. Mas não dormiram juntos. Ele não quis.
Ele queria deixá-la com saudade. Fazer tudo certo dessa vez.
Ela, não se sentiu rejeitada. Pela primeira vez.
Eles se despediram na mesma calçada em que se encontraram.
Cada um voltou para sua casa, sem trocar nem um beijo. Apenas olhares. Longos e cúmplices.
Uma semana depois, ele a estava esperando na calçada.
Pediu a ela mais uma vez um resto de dia junto dele.
Em meio aos livros daquela livraria ele a pediu em namoro. Mais uma vez através da página de dedicatória de um livro. Primeiro presente dele quando ela o aceitou.
Foi tudo junto, o pedido de namoro, o primeiro presente e o primeiro beijo dos dois. Naquela noite, eles dormiram juntos.
Um mês e nove dias depois ele a levou ao teatro, para assistir à peça de alguns amigos dela. No meio da peça havia uma cena em que um casal discutia. O rapaz queria casar mas a moça não. No meio da cena e da discussão o rapaz-ator entregou a aliança à moça-atriz. A moça-atiz convidou a menina descabelada da platéia ao palco. O rapaz-ator convidou o namorado da menina descabelada ao palco. Em cena, os atores interrogaram a menina descabelada. Perguntaram a ela se ela aceitava se casar com seu rapaz hippie e loiro.
Dois meses depois eles estavam casados.
Em dezembro eles passaram o Reveillon juntos, descalços em alguma praia deserta. Ambos vestindo apenas batas brancas e roupas de banho por baixo.
Estouraram três champagnes. Fizeram de tudo juntos. Estavam felizes por finalmente estarem juntos. Adormeceram sob o céu estrelado.
Ele satisfeito por estar com ela e mais ninguém.
Ela plenamente linda e grávida.
Sob o céu estrelado.
Agora é hora de respirar mais fundo...
De tomar banhos de chuva...
Agora é hora de voltar à praça, que apesar da simplicidade e das loucuras, colore nossos dias cinzas paulistanos e nos mantém sãos.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

My Backyard

Cheguei na cidade.
Marquei de ver outras pessoas.
No fundo aconteceu o que eu queria. O que eu imaginava.
Naquela avenida favorita o avistei.
Natural, como só ele sabe ser.
Fantástica coincidência do acaso... que uniu nosso último momento juntos, minha última noite lá, no inverno, e nosso primeiro reencontro entre tantos outros, em meu primeiro dia de volta àquele lugar, no verão.
Nossos cinco minutos de serendipity... talvez a felicidade tenha dançado só ao meu lado. Talvez para ele não tenha significado nada. Talvez não.
Pelo menos para mim foi especial... deliciosos 5 minutos.
Um abraço longo, aconchegante e cúmplice.
5 minutos ao lado dele, que salvaram e fizeram valer todo o resto dos dias seguintes.
E ele não sabe o valor que tem para mim, ou talvez não se importe. Simples assim.
Desculpe se não sei demostrar e agir da maneira correta, mas se persisto em você é porque acredito que nós valemos a pena.
Foi isso.
Apenas um abraço longo.
Olhares cúmplices.
Minha adoração por ele se insinuando em meu sorriso.
Uma despedida sem jeito.
Um segredo que queria se revelar mas não poderia.
"Certos segredos desencantam... entenda."
Não o vi mais.
Ficou uma saudade no pensamento. Ficou uma saudade na pele.
Saudade do carinho sutil que você fez, sem perceber, no meu cabelo.
Sobrou aqui ao redor essa falta daquele seu abraço.
Daquela nossa lua.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Borboletas Contra o Parabrisa

Na balada dia 31/12. Por volta das 4 da manhã, dentro do PUB em Marília, ao som da banda D3:

Borboletas Contra o Parabrisa

É, Roleta Russa.
If you don't dig dancing, just don't try.
Coloquei gelo na minha sopa.
Sobra medo em meu sangue.
Mais um tapa não vai dar.
Eu não aguento mais. Falta paciência em meus ossos.
Há gelo em meu sangue, paralisado.
Minha espinha dorsal paralisada, temendo 2008.
Na cabeça estava tudo resolvido.
Na prática não há saída. Há saída mas não há caminho.
Sou Alice mas não alcanço a mesa de bolo.
Preciso crescer mas as correntes não deixam. Não me deixam.
Vai dar tudo certo. Tem que dar tudo certo.
Vou acender uma vela. Por mim e por você.
Uma oração, por mim e por você.
Resolução, por mim e por você.
Meu coração paralisado paira no silêncio, suspenso, à espera.
Nessa espera de que tudo dê certo.
Tem que dar certo, por mim e por você.
Mais por mim.
"Sou joguete do destino", e não quero mais.
Não tenho mais paciência.
Não quero esperar anymore.
Mas tudo que posso é esperar.
Estou trabalhando, torcendo, tramando para que o acaso, o destino e as coincidências estejam a meu favor.
Tenho tanto a realizar, e nem as palavras me acompanham mais. O medo não deixa.
A Alice está encolhendo.
Shrinking, falling down, catch me and throw me against the wall.
I'm your little doll. Please don't play with me. I'm not unbreakable.
I may look and act like a monster, like a monkey, but I have the heart of a Koala Bear inside a crystal soul.
Help me stand up. Catch me before I fall and lose it all.
Tudo vai dar certo. It has to.
O medo está encolhendo minhas idéias e transformando minhas batidas vitais em pesadelos.