quinta-feira, 22 de maio de 2008

Um baralho de símbolos mentais

Ontem fui assistir a peça "O Natimorto". Uma peça com muitos diálogos e muitos cigarros.
Entre umas piadas e algumas risadas, muitos medos vão sendo expostos, muitas sinceridades.
Muitas falas faladas de forma muita rápida por um personagem prolixo e uma outra reflexiva e atenta vão jogando sua cabeça numa espiral de reflexões e medos próprios.
Os atores dão uma aula de articulação. Nos prendem ao rítmo deles enquanto tentamos respirar por eles em meio a toda fumaça, em meio a todas aflições e inseguranças.
O texto tem momentos de sutil sensibilidade extrema.
Uma tirada após a outra vai aquecendo e cutucando o coração com conta-gotas.
O destino, ou a possibilidade de um destino, a sina, a sorte, a esperança, se insinuam em um baralho mental da interpretação das inconvenientes figuras que vêm estampadas nas caixinhas dos cigarros, "cowboy light".
Tudo isso acompanhado por músicas assustadoras e belas, cuidadosamente escolhidas.
É uma peça de beleza cirúrgica, que vai atacar seus sentidos e vísceras.
Pena que vai só até semana que vem e eu não poderei ir novamente. Recomendo, recomendo, recomendo.
O texto é do genial Lourenço Mutarelli e a direção do brilhante Mario Bortolotto. Parabéns meninos!

O NATIMORTO
Local: Espaço Parlapatões
Preço(s): R$ 20,00.
Data(s): Até 28 de maio de 2008.
Horário(s): Terça e quarta, 21h30.

Um pedaço do texto me marcou bastante por ser justamente o que eu acredito desde a infância, eu também acredito que só existo para as pessoas quando estou ao lado delas.
E acho que nunca foi ou vai ser diferente.

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