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Cena 1: Perto do centro da cidade, ou talvez mais pra lá, o sol batendo na cara. Em uma calçada qualquer, um cara, desses que vendem artesanato na rua, sentado no chão se coçando, bem sujo, sujo-sujo-sujo, de fuligem, de poeira, de qualquer sujeira costumeira, se coçando todo.
Cabelo ruivo/loiro sujo, alto como um europeu, olhos azuis, mais azuis que o céu, azuis no tom que eu gosto, aquele azul que é quase marinho. Todo queimado de sol, dourado por debaixo da sujeira. Barba por fazer como era de se esperar. Corpo de surfista. Uma visão em pleno centro de São Paulo, às 14 horas, em meio ao caos diário.
Enquanto minhas memórias ouviam algum dia alguém comentar que o amor de minha vida poderia estar em qualquer esquina, eu torcia para que aquela fosse a esquina certa e desejava ser extremamente rica, a ponto de resgatar aquele ser humano estúpida e ofensivamente lindo das ruas, dar banho, dar comida, dar educação, dar cama, dar amor e carinho, e acabar sendo traída por ele com qualquer outra mulher, pois no fim das contas ele é homem e ingrato, como o resto.
Cena 2: Dentro de um restaurante libanês, comendo comida típica, incluindo o fantástico, e descoberto recentemente pelo meu paladar, pão folha. Conheço um doce, que não consegui guardar o nome ou algo além da forma física, feito com massa folhada, enrolada/dobrada um milhão de vezes em torno de um recheio de nozes e adoçado e umedecido devidamente com mel... Essa foi a impressão da primeira mordida. A mágica da descoberta de o que seria aquele doce. Na segunda mordida houve a assimilação dos sabores maravilhosos misturados. Na terceira mordida a imagem da tranquilidade do mar da pérsia. Quarta mordida: Dentro de um palácio oriental, com telhados em formato de tetas, pé direito alto, devidamente construído para ser um lar fresco, entra o ar morno mediterrâneo, enquanto o sabor do mel envolve a língua, garganta, sentidos... Quinta mordida: uma nostalgia de um amor difícil e intensamente vivido. Sexta mordida: tristeza e concentração por ser a última mordida.
Fim do doce: sensação de ter comido algo feito com magia e sentimento. Com pureza. A quebra perfeita do dia. Um sopro de nova energia e sono ao mesmo tempo.
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Um comentário:
é nessas horas q eu me desespero por ser tão distraída...eu nem ia ter notado o rapaz...
fer, eu não tinha te falado q esse pão era demais? cara, e é só farinha, água e sal. se puder acender uma foqueira no seu quintal, eu falo pra minha mãe fazer pra vc! rs*
é tão bom comer coisas inacreditavelmente incríveis, né?
e é tão bom vivenciar coisas gostosas e simples de se fazer...tão bom...
beijos
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