segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Frenesi

Eu preciso escrever, preciso escrever, preciso escrever.
Eu preciso, mas não consigo.
Há essa ânsia incessante, mas não consigo vomitar.
O estômago revirado, a tosse, a ânsia. Mas nada sai daqui de dentro para alívio meu.
Uma pressão no peito e um nó na garganta, uma cabeça quente e pensamentos frenéticos. Mas tudo desconexo.
Estou perdida e me perdi. Perdi os pensamentos e os sentimentos.
Tudo parado no fundo da boca, na ponta dos dedos, no bico dos seios.
Um tesão sem válvula de escape. Coito interrompido.
Um tapa de ódio sem som.
O grito de um mudo. Um elevador em queda constante, sem chão.
Preciso escrever para desabafar, desabar, desopilar, degringolar...
Mas está tudo contido aqui dentro. Uma massa sólida cheia de calor querendo explodir.
O orgasmo que ameaça chegar mas não acontece nunca.
Preciso escrever mas estou muda de idéias.

Venho sofrendo de um abandono de sentimentos.
Irônico pensar que um dia isso era tudo o que eu queria. Esse abandono de sentimentos, de sentidos, dos outros, de mim mesma.
É como se acordar, trabalhar, comer, dormir, acordar, trabalhar... já não fosse tão ruim.
Simples assim, ligada no automático. Pensando em casar com um marido bom e ter filhos saudáveis e lindos, com eletrodomésticos de última geração, como em um filme de American Dream... Sonhos de mulherzinha.

Às vezes acho que essas “mulherzinhas” são mais espertas do que as mais cults e cools das intelectuais de beleza exótica.
Pois elas se enfeitam e se perfumam e se arrumam e fazem as unhas e tingem e alisam seus cabelos para parecerem a nova Barbie de suas sobrinhas e filhas. E se fazem de burras e indefesas. E com essa aura de princesas dobram o mais beatnik dos homens e os domam. E casam com o dinheiro deles, e os engordam, ou não, e os traem com o jardineiro, com o encanador, com o sapateiro e com o cabeleireiro. E ganham carros e mimos de meninas ricas por esse “bom” comportamento que não exige esforço nenhum além de se manter bonita e dar bem dado para esses trouxas.

É. Essas mulherzinhas de cabelo esticado e unhas inquebráveis são mais espertas e felizes.

O amor é um luxo dos que não têm ambição...

Ai, se ele soubesse o quanto eu gosto dele e o quanto eu queria que ele gostasse de mim. Mas ele só olha para essas mulherzinhas.

Acho que vou passar a me apaixonar por mendigos... já que ando mendigando por amor...

Não sei se me recupero do próximo tombo.
Sei que não quero mais nenhum tombo... quero aprender a voar definitivamente.

Preciso de um calmante para essa minha taquicardia constante e minha vida anda precisando de mais momentos bonitos.

3 comentários:

Duli disse...

Nem sempre a gente consegue passar pro "papel" o que estamos sentindo. E, se estivermos muito na ânsia disso, fica mais complicado ainda, porque quanto maior o desabafo, maior a exposição. Pode ser essa a razão do bloqueio.
Então, em relação as meninas que esticam cabelo, fazem unha ou as intelectuais...não há meio-termo: os homens se encantam por um conjunto de coisas. Não há unanimidade em nada, graças a Deus. Há homens e homens, mulheres e mulheres.
Também não podemos traçar um estereótipo. Hoje tudo é tão misto. E ainda bem, né?
O importante é ser sincero, acreditar e selecionar o bom do ruim. Mas assim, o bom e o ruim também é relativo, depende da pessoa...
beijos

Karina Zichelle disse...

Fernandinha! ou seria, KArina. Si, Karina, pq eu esse seu texto, incível, poderia ter sido dito, palavra por palavra, virgula por virgula, por mim. Se não fosse essa anestesia que não me deixa escrever... E eu tenho pnsado e querendo escrever exatamete sobre o que vc escreveu, com o mesmo olhar, talvez com metáforas diferentes, mas esse texto é meu assim como seu. É por essa super afinidade que eu vejo em vc, que eu a admiro mais a cada dia. Sou sua fã e vc sabe disso. Vc consegue expressar tudo aquilo que eu quero dizer, mas não consigo. E como vc escreve bem! Minha nossa! Dá de mil a zero em muita gente por aí. Eu adoro o seu quê surreal.
E às vezes eu penso, pq essas coisas sofridas, essas dores e essas faltas de criatividade e sentimentos, preguiça, dão ótimos textos, e por vezes fluem numa poética mais apreciada e também, mais forte, do que sentimentos mais alegres? às vezes penso que ser ignorante é uma benção. Saber das coisas, ver o mundo na sua reaidade podre é um fardo pesado. Não sei se pode alguém ser feliz sabendo disso.
esse seu texto me lembrou um pouco o meu "anestesia" que está no meu blog.
Eu queria que o mundo fosse um arco-íris, mas vi que não há cores suficientes para isso...
Beijokas!
=]

Blower's Daughter disse...

Fê!Minha querida,Fê!Assim como a Ka,te admiro por vc conseguir expressar e escrever tão bem,mesmo qdo o assunto é a falta,o bloqueio que a impede de escrever,hehe
Então,o começo do seu texto descreve igualzinho o que acontece comigo.Preciso escrever,não consigo e sinto essa ânsia.
Hj mesmo eu pensei nisso de estar ligada no automático...Espero sair desse automático logo!
E vc tb!
Bjokaaaaaaas!