Muitas vezes olho para ela subindo as escadas e fico com dó da dor, com medo de um passo em falso, fico apreensiva com uma possível queda.
Fico me perguntando até quando ela vai conseguir subir uma escada.
Ela segura as coisas já sem firmeza, e eu me pergunto se ela vai conseguir segurar os netos.
Se ela vai ter saúde mental e física para isso.
A cada dia noto uma nova ruga. E desconheço um pouco mais um rosto que já foi tão lindo.
Os pensamentos já não acompanham as conversas.
O raciocínio está mais lento. A memória falha o tempo todo. A atenção é muito dispersa.
O brilho dela diminuindo.
A saúde titubeia.
Se eu fico muito tempo longe, ela entra em depressão, coisa de velho que tem medo de ficar sozinho. Mais carente, mais sensível.
Mais mal humorada.
Todos os dias.
Todos os dias ela me cobra um bom emprego, um bom salário, um bom casamento e netos.
Sei que é porque ela quer me ver bem, estável. Mas não sei se conseguirei dar isso a ela em tempo.
Preciso dar isso a ela.
Ela é tudo o que tenho.
Mais nada.
... e no futuro,
quem vai cuidar de mim?
Quem vai cuidar de mim...
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