sábado, 27 de março de 2010

Petit poi, o rabo de cavalo e a pequena saia de tule

E com seu casaquinho de petit poi ela ouvia Elvis enquanto flertava com o moço mais velho e casado.
Arriscava e provocava, mesmo sendo ele casado, mesmo ela sabendo de tudo isso.
Porque ele era seu número. “Feitinho” pra ela. Tocava baixo. Não era qualquer coisa.
Porque ultimamente muitos desses eram pura tentação.
Casados ou solteiros. Apenas tentação.
Tudo porque seus olhos andavam mais claros.
Fenômeno curioso esse, ainda mais quando era algo cada vez mais freqüente e, por quê não dizer, delicioso.
Ela sabia que esse brilho todo vinha dele.
Ele que fazia bem demais a ela.
Que estava tentando enfeitiçá-la, sem saber como as conseqüências de seus feitiços poderiam ser bem sérias também.
Ela espairecia tudo isso, o feitiço e as cantadas, janela abaixo.
Vista aberta, afora.
Um cidade correndo a seus pés. Ela correndo contra a cidade.
A pele e os cabelos cada dia melhores, seus olhos mais e mais selvagens.
E claros. Um céu com uma força mais azul. O sol que veio acordá-la em meio a risadas, beijos e nudez.
O coração amansando, mesmo sem querer.
Pensava em como suas pernas e corpo conquistavam mais atenções.
Era mais do que isso. Era de dentro. Era o fumar seu cigarro sentada olhando para as árvores.
Era dominar a chuva que molhava a cidade enquanto ela também se molhava.
Era a descoberta da essência pura e puramente artística.
Olhar para os próprios pés e ver que eles tomavam forma e jeito.
As mãos já bem delicadas desenhando o ar e as palavras.
Então ela acordou, tomou seu café da manhã norte-americano, vestiu-se e maquiou-se como boneca.
Provocou todos os outros. Porque sabia bem quem era aquele único que a merecia.

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