sábado, 27 de março de 2010

Em outros tempos, quando os sentimentos não eram saudáveis...

Todos os dias, as pessoas me perguntam:
Por que você não namora?
Tenho certeza que vocês não vão querer saber a verdade.
Porque as pessoas tem problemas com a verdade, não sabem lidar.
Por quê? A razão é simples. Vaidade.
Por isso a verdade dói tanto, porque fere a vaidade.
Qual a relação disso com a pergunta feita ali em cima?
Hahaha

Agora, respondendo aos curiosos de plantão:
Porque eu sei somente ser leal. Não sei ser fiel.
Porque eu tenho medo de me comprometer.
Porque eu uso as pessoas (não se espantem, vocês também usam).
E não gosto de iludir.
Porque eu só sei amar coletivamente. Porque eu não amo um mais do que o outro.
Porque eu não suporto expectativas e pressão. Principalmente dos amigos que metem o bedelho.
Porque tenho alma de Frida Kahlo.
Porque não conheci alguém com coragem. Não aquela de heróis que salvam o mundo. É da coragem de verdade que eu tô falando. Tenho mais culhão que muito homem por aí.
Porque eu não quero ser vista como um casal.
Porque sou um indivíduo. Indivisível. Que sempre existiu. E sempre foi cheia de opiniões árduas e próprias e únicas.
Independente de quem está ou não ao meu lado.
Porque ninguém é igual a ninguém. Eu não sou. E todos em volta começam a dizer: Nossa, como eles são parecidos, nossa isso, nossa aquilo. E quando você perceber, fundiram os dois numa coisa só, sem sal e sem idéias independentes.
Porque ele usa seu MSN, se mete no seu Orkut, fica amigo dos seus amigos e quando você se der conta, sua melhor amiga já deu pra ele 732 vezes.
Porque depois que se começa a namorar você passa a ser visto como: o fulano e a fulana. Isso é simplesmente insuportável.
Todos os programas são em dois. As pessoas deixam de te chamar para alguns eventos, porque não sabem se o namorado vai gostar, ou usam a desculpinha eles devem estar fazendo sexo.
As pessoas tornam-se chatas e você menos interessante para o mundo. Para todo mundo.
Porque um dia você acorda só querendo beber e farrear e falar merda e tem lá um cara no seu pé, te agarrando, ou te beijando, ou te tocando. Ei, ei, ei! Que é isso? Eu deixei ou pedi pra você me beijar? Agora não... não vê que eu tô concentrada em me divertir ou em qualquer outra coisa!
E se eu quiser ir a um show sozinha?
E se eu quiser ir pro bar tomar meu uísque com alguns bons amigos e conhecer gente nova? Passar mal?
Dar vexame?
E se eu quiser fazer uma música ou um texto romântico para ninguém, assim descompromissadamente?
Ou para alguém diferente? Pela simples vontade de criar algo diferente?
Viajar pra longe? Sumir do mapa?
E se eu não quiser fazer sexo, só assistir televisão mesmo?
E seu eu quiser ter paz?
Porque, independente de quem está ao meu lado, eu vou fazer isso e quero fazer isso.
Porque sou humana e tenho desejos, tenho impulsos, tenho vontades.
Porque o mundo tem bilhões de possibilidades e de pessoas com seus universos interessantes.
Porque amor-amor mesmo, pelo menos a metade dos que estão lendo isso aqui não sabem e nunca saberão o que é.
Porque eu já aprendi e já senti e já doeu e já perdi e já morri um milhão de vezes no mesmo instante.
Porque amor-amor mesmo é insubstituível e inexplicável e imperdível e incomparável e não sufoca e não se cobra nem se julga. É assim mesmo, num fôlego só, porque é intenso e suave, e eu juro que não me refiro à parte carnal.
Não há jogo e um não rouba a energia do outro. É equilíbrio. Porque um não precisa do outro, porque não são necessárias explicações ou satisfações, porque um não espera nada do outro. Não se agregam, pois já são completos.
Simplesmente estão ali. E mesmo que nunca se toquem ou nunca mais se falem, um sorriso basta e ilumina uma eternidade.

Então, por favor, parem de perguntar por quê eu não quero namorar o fulano ou siclano ou beltrano. Eu também tenho o direito de escolha, de liberdade, de sentimento. Também sou um indivíduo que pensa e existe e sente.
Mas isso ninguém respeita.

“Bebo para afogar as mágoas. Mas as danadas aprenderam a nadar.”
Frida Kahlo

Quanto tempo tenho
Prá matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade


Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade...

Tenho a vida doida
Encabeço o mundo
Sou ariano torto
Vivo de amor profundo


Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse Nobre Vagabundo...

Um comentário:

Blower's Daughter disse...

Essa semana, meu prof na facul citou uma frase que dizia: "amar é correr na neve sem deixar marcas", ou seja, o amor não pode ser algo pesado, cheio de cobranças, que sufoca, tem que ser suave, livre. Lendo seu texto, lembrei disso.
Tb acho chato as pessoas se intrometendo, perguntando, dando palpite. É irritante!
Concordo com muitas coisas do seu texto.
Bjokinhas!^^