sábado, 27 de março de 2010

25/03

MINHA CIDADE ASSUME UM ASPECTO LONDRINO E MELANCÓLICO, ALGUMAS VEZES, E ME CONQUISTA.
Me re-apaixono. E então parece chover. Parece nevar. Parece que o asfalto, molhado e negro, consegue obscuramente refletir o céu. Tão negro que parece que vai engolir os carros num buraco infinito e cuspi-los na China.
Fica tudo cinza. Imitando meu peito. O transito pára e a chuva desce pra sussurrar segredos nos ouvidos das copas das árvores. Quando chove assim, o paulistano derrete e só a natureza tem vida. Quase consigo ouvir o relinchar dos cavalos agitados no Jockey Clube, pedindo aos tratadores um banho de chuva. Pedem a mesma liberdade que exijo ao cosmos. A liberdade de um banho de chuva. Sem roupas sociais ou limites de horários. Sem julgamentos de chefes. Apenas a pele e a chuva em contato, dançando loucamente, se lambendo e escorrendo. Infelizmente, as obrigações e a correria, falta de tempo e de espaço, fazem parte da arte e do charme dessa cidade. Sobra apenas olhar pela janela a linda vista cinza e úmida das ruas que correm afoitas e molhadas sob nossos pés.

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