O que eu quero não tem nome.
O que eu quero não tem nome.
O que eu quero não tem nome.
O que eu quero não tem nome.
Ou talvez seja pecado dar nome ao que eu quero.
E o que eu quero... ah, isso deve ser pecado.
Não consigo mais sonhar.
E se eu sonho penso que é em vão.
Porque não tem solidão do tamanho dessa que resolveu morar aqui no meu peito.
E eu não tenho mais o que fazer com essa solidão. Que não vai embora com abraço de amigo, com beijo de desconhecido, nem com carinho de mãe.
Porque cada perfume que eu passo se perde no ar. E nem o mistério nem a saudade cotidiana daquele cheiro ficam na memória de alguém.
Porque as minhas roupas já se amarrotam sozinhas, sem precisarem de braços sedentos masculinos para isso.
Porque eu não tenho irmãos ou irmãs, e sei muito bem que um dia todos meus amigos vão se casar e eu vou ser deixada de lado por qualquer amor barato que eles encontrarem em alguma esquina brincalhona.
E eu não vou ter mais colo de mãe ou abraço de pai para me confortar porque vai ser simplesmente tarde demais...
Porque não terá solidão do tamanho dessa que resolveu morar aqui no meu peito.
Um comentário:
CASTELÃ DA TRISTEZA
Altiva e couraçada de desdém,
Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!
Passa por ele a luz de todo o amor...
E nunca em meu castelo entrou alguém!
Castelã da Tristeza, vês?... A quem? ...
-- E o meu olhar é interrogador --
Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr...
Chora o silêncio... nada...ninguém vem...
Castelã da Tristeza, porque choras
Lendo, toda de branco, um livro de horas,
À sombra rendilhada dos vitrais?...
À noite, debruçada, plas ameias,
Porque rezas baixinho? ... Porque anseias?...
Que sonho afagam tuas mãos reais?
Florbela Espanca
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