domingo, 15 de março de 2009

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Minha cabeça pedindo silêncio e dizendo que eu deveria apenas ouvir um pouco de música.
O silêncio estava ali e foi rejeitado.
Bastou uma vírgula áspera, bem áspera, para eu entender que nada deveria ser dito.
Mas minha dura teimosia insistiu.
E eu ganhei muitos outros conflitos e caras feias.
Entupi meus ouvidos com mais músicas e minha cabeça quase caiu de meus ombros de tanta reflexão.
Parei de refletir e joguei um pouco de rímel e sombra sobre duas lágrimas que inundaram meu rosto.
Mais grosseria. Mais confusões. Mais grosserias...
Olhei no espelho a maquiagem intacta e me entupi de cigarros. Presentinho da noite anterior. De despedida talvez.
As pessoas tem se despedido de mim.
Da pior maneira.
E eu sei que sou eu mesma a culpada de tudo isso.
E que tudo que posso fazer é castigar meus pulmões.
Mas o que essas pessoas não sabem é o quanto eu necessito delas.
Mesmo que seja só do silêncio ou do abraço.
Qualquer olhar me basta.
E ali no meio de tudo, quando eu estava prestes a perder minha lucidez, alguém confessa que também está cansado de tanta afetação, de tanta babaquice.
Vou traçar um plano e frequentar mais a vila madalena.
Beber mais quieta no meu canto. Ler uns livros na Mercearia São Pedro.
Não fazer mais amizades. Não com gente babaca.
Vou fazer um voto de silêncio.
Deixar de ser babaca também.
Porque eu não estou isenta.
Ninguém está.

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