quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Domesticada

Tenho o coração suspenso no ar. Ao léu. Para qualquer ventania reduzi-lo a pó.
E se eu assumisse, como no conto dos três mal amados, como no conto de qualquer mal amado, que o amor comeu meu juízo, que “o amor comeu meu medo da morte”?
Porque algo recente aconteceu, e eu não tenho mais medo. Só tenho medo da ausência.
A ausência das palavras. Ausência da presença. Ausência do carinho. Ausência do olhar. Ausência das atitudes mal criadas. Ausência dele.
Só quero a sensação do toque dele, do peso dele, da respiração dele, da voz dele, das mãos dele no meu cabelo, da língua dele, do olhar dele, do descontrole dele, da admiração dele.
De nenhum outro.
Não quero ser fiel. Nunca quis.
Agora, meu corpo e meu juízo me seguram. Rejeitam outros. Estou me traindo.
Ele dominou minha essência. Do-mes-ti-cou-me.
E nós fizemos tudo errado. O sono me fez trair minhas intenções.
Meus gestos me abandonaram e só sobrou meu cansaço e as palavras mal ditas.
Fui invadida por um milhão de aflições e passei todas as impressões erradas. Fui uma baita duma chata.

Ele nunca mais vai me procurar. Nunca mais. Porque o universo é assim, tem uns planos bem estranhos.
Ilude. E eu que sempre odiei ilusões... Iludi.
*
*
*
Eu acreditei, do fundo da minha existência, que eu não pertencia a ninguém.
Descobri que tenho muito a aprender.
Agora, pago e recebo na mesma moeda. Mas a dor, ah, essa eu conheço bem.
Porque algo recente aconteceu, algo que eu realmente não esperava, apesar de saber que poderia acontecer.
Verdadeiramente, não pertenço. O perigo reside no querer pertencer.
À pessoa errada.

Um comentário:

Professor Herbert Thomas disse...

Profundo...

Posso te seguir?

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