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A vida é uma festa. E o teatro é o meu banquete.
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Crack your shell(f) open.
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Mulheres são artefatos cheiros de cores...
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quinta-feira, 30 de julho de 2009
Sobre "Letras em Cena"
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E segunda-feira foi dia de “Letras em Cena” no MASP. Foi a primeira vez que fui prestigiar esse evento. Sim, porque é um evento. Vou falar um pouco sobre as minhas impressões (mesmo não tendo propriedade para isso).
É um evento em que os atores, o autor e a direção deixam o texto ser protagonista.
O texto era do dramaturgo contemporâneo Sergio Mello, e foi adoravelmente lido pelo querido Nelson Peres e pela linda Lavínia Pannunzio. Os dois atores, apesar do pouco tempo de intimidade com o texto tão cheio de “nuances” (usando as palavras da própria Lavínia), nos conduziram com maestria através da história. Proporcionaram-nos um espetáculo de interpretação vocal e mostraram que mesmo quando estão apenas lendo conseguem manter uma presença F U D I D A. Eu poderia ser cega... e sei que as vozes dos dois atores me carregariam delicadamente pelas mãos, passando por cada uma das emoções das personagens.
Vimos no palco também um tímido Sergio Mello, que aparecia ali na posição criador-espectador, se deliciando com a leitura de sua obra e com a interpretação dos atores, tanto quanto a platéia. Se deliciando também com a reação da platéia às nuances e sensações de sua obra.
Sim, Sergio Mello, seu texto é delicioso. Mais do que isso, e sempre muito mais, os textos do Sergio Mello têm essa qualidade de manter nossos pensamentos e emoções presos ali, do começo ao fim. Esperamos ansiosos por um não sei o quê, uma revelação, um algo escondido nas entrelinhas, que pode surpreender a nós, platéia-voyer, assim como aos próprios atores. Falar de Sergio Mello é falar de tensão e leveza, brutalidade e delicadeza, é falar de um cara que escreve com muita sensatez e franqueza (qualidades esquecidas pelo ser humano atual), que sabe enxergar e sentir o mundo, sem se alienar. É tudo dele, está tudo ali. Depositado instintivamente e na medida certa, generosamente para o leitor/espectador.
O que eu pude ver, ouvir e sentir ontem foi um presente. Na realidade não há o que dizer, porque impressões são acontecimentos sensoriais muito particulares. Dá vontade de ficar quietinha e guardar essas impressões para sempre só para mim, e não perder nada-nada-nada.
Mas não sou egoísta o suficiente para deixar de dividir isso com o mundo. E se há algo que o mundo deve conhecer é a existência dessas três pessoas: Sergio, Nelson e Lavínia.
Recomendo que aqueles que lerem isso aqui não se satisfaçam com as minhas impressões. Não apenas com as minhas impressões, mas que vão atrás deles e tenham as suas próprias. Porque ali, bem ali, naquelas três pessoas, além de muita riqueza, há ainda muita coisa magnífica a ser descoberta e sentida, tanto por eles quanto por nós. Todos nós.
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E segunda-feira foi dia de “Letras em Cena” no MASP. Foi a primeira vez que fui prestigiar esse evento. Sim, porque é um evento. Vou falar um pouco sobre as minhas impressões (mesmo não tendo propriedade para isso).
É um evento em que os atores, o autor e a direção deixam o texto ser protagonista.
O texto era do dramaturgo contemporâneo Sergio Mello, e foi adoravelmente lido pelo querido Nelson Peres e pela linda Lavínia Pannunzio. Os dois atores, apesar do pouco tempo de intimidade com o texto tão cheio de “nuances” (usando as palavras da própria Lavínia), nos conduziram com maestria através da história. Proporcionaram-nos um espetáculo de interpretação vocal e mostraram que mesmo quando estão apenas lendo conseguem manter uma presença F U D I D A. Eu poderia ser cega... e sei que as vozes dos dois atores me carregariam delicadamente pelas mãos, passando por cada uma das emoções das personagens.
Vimos no palco também um tímido Sergio Mello, que aparecia ali na posição criador-espectador, se deliciando com a leitura de sua obra e com a interpretação dos atores, tanto quanto a platéia. Se deliciando também com a reação da platéia às nuances e sensações de sua obra.
Sim, Sergio Mello, seu texto é delicioso. Mais do que isso, e sempre muito mais, os textos do Sergio Mello têm essa qualidade de manter nossos pensamentos e emoções presos ali, do começo ao fim. Esperamos ansiosos por um não sei o quê, uma revelação, um algo escondido nas entrelinhas, que pode surpreender a nós, platéia-voyer, assim como aos próprios atores. Falar de Sergio Mello é falar de tensão e leveza, brutalidade e delicadeza, é falar de um cara que escreve com muita sensatez e franqueza (qualidades esquecidas pelo ser humano atual), que sabe enxergar e sentir o mundo, sem se alienar. É tudo dele, está tudo ali. Depositado instintivamente e na medida certa, generosamente para o leitor/espectador.
O que eu pude ver, ouvir e sentir ontem foi um presente. Na realidade não há o que dizer, porque impressões são acontecimentos sensoriais muito particulares. Dá vontade de ficar quietinha e guardar essas impressões para sempre só para mim, e não perder nada-nada-nada.
Mas não sou egoísta o suficiente para deixar de dividir isso com o mundo. E se há algo que o mundo deve conhecer é a existência dessas três pessoas: Sergio, Nelson e Lavínia.
Recomendo que aqueles que lerem isso aqui não se satisfaçam com as minhas impressões. Não apenas com as minhas impressões, mas que vão atrás deles e tenham as suas próprias. Porque ali, bem ali, naquelas três pessoas, além de muita riqueza, há ainda muita coisa magnífica a ser descoberta e sentida, tanto por eles quanto por nós. Todos nós.
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sábado, 25 de julho de 2009
Auto... flagelo.
*
A impossibilidade é uma gorda que debocha e geme e, de vez em quando, me espanca quando tento caminhar.
Não sei se sei te dar o que você precisa.
Sei amar você. Mas todos me proibiram de fazer isso. Inclusive você.
Fujo e te encontro. Te procuro e você some.
Você me vê de forma muito inocente. Isso é intensamente perigoso.
E eu tenho essa mania autodestrutiva que ninguém...
*
A impossibilidade é uma gorda que debocha e geme e, de vez em quando, me espanca quando tento caminhar.
Não sei se sei te dar o que você precisa.
Sei amar você. Mas todos me proibiram de fazer isso. Inclusive você.
Fujo e te encontro. Te procuro e você some.
Você me vê de forma muito inocente. Isso é intensamente perigoso.
E eu tenho essa mania autodestrutiva que ninguém...
*
*
UMA TRISTEZA COM AR INFINITO.
SÓ PODE SER CULPA DA CHUVA.
OU DO CINZA DA CIDADE.
MINHA CIDADE É UMA FAIXA CINZA NO MAPA.
UMA FAIXA CINZA.
PRECISO COMPRAR CIGARROS.
SAIR PRA COMPRAR CIGARROS. E NÃO VOLTAR.
QUERO DESCOBRIR UM CAMINHO NOVO.
UM CAMINHO QUE ME LEVE ATÉ MINHA VIDA.
QUE ME LEVE DE VOLTA PARA O PAÍS DO REI AZUL.
O REI AZUL TEM UMA ESCADA NO PEITO.
E O HOMEM-PEIXE ME DISSE QUE AQUELA ESCADA É TODA MINHA.
SÓ FALTA SUBIR.
SÓ FALTA CHEGAR.
ESSA CHUVA CINZA VAI DESTRUIR MEU PAÍS DE TINTAS.
VAI BORRAR TUDO.
TRISTEZA INFINITA.
*
UMA TRISTEZA COM AR INFINITO.
SÓ PODE SER CULPA DA CHUVA.
OU DO CINZA DA CIDADE.
MINHA CIDADE É UMA FAIXA CINZA NO MAPA.
UMA FAIXA CINZA.
PRECISO COMPRAR CIGARROS.
SAIR PRA COMPRAR CIGARROS. E NÃO VOLTAR.
QUERO DESCOBRIR UM CAMINHO NOVO.
UM CAMINHO QUE ME LEVE ATÉ MINHA VIDA.
QUE ME LEVE DE VOLTA PARA O PAÍS DO REI AZUL.
O REI AZUL TEM UMA ESCADA NO PEITO.
E O HOMEM-PEIXE ME DISSE QUE AQUELA ESCADA É TODA MINHA.
SÓ FALTA SUBIR.
SÓ FALTA CHEGAR.
ESSA CHUVA CINZA VAI DESTRUIR MEU PAÍS DE TINTAS.
VAI BORRAR TUDO.
TRISTEZA INFINITA.
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Abandono
UM CASAL BRIGANDO NA CALÇADA DIREITA DO VIADUTO DO CHÁ NÃO PERCEBEU QUANDO AQUELE JOVEM DE OLHOS BRINCALHÕES E CABELOS CASTANHOS RETIROU OS SAPATOS SUJOS, DE FULIGEM E LAMA, E APOIOU OS COTOVELOS NO MURO DE PROTEÇÃO SÓ PARA VER QUANTOS CARROS PASSAVAM ALI EMBAIXO.
UM MENINO QUE EMPINAVA PIPA NA RUA DA CASA DE SUA AVÓ NO BIXIGA NÃO VIU O HOMEM DÍSTRAIDO QUE, ENCANTADO COM AS CORES DA TARDE DE OUTONO E COM O FRIO, QUASE FORA ATROPELADO POR UM CAMINHÃO DE FEIRA.
ENQUANTO A MULTIDÃO TORCIA E SE CONTORCIA PELA DEBUTANTE GRÁVIDA QUE AMEAÇAVA SE JOGAR DO ALTO DO EDIFÍCIO ITÁLIA DENTRO DE SEU LINDO VESTIDO AZUL, NINGUÉM PERCEBERA O RAPAZ QUE CONTENTE LEVAVA NA MÃO ESQUERDA UM CHAPÉU DE PALHA E NA DIREITA UMA VARA DE PESCAR.
NAQUELE EXATO SEGUNDO EM QUE MÉDICOS DE CORAÇÕES DE DIAMENTE DOAVAM SUAS VIDAS INTEIRAS TENTANDO SALVAR E CUIDAR DE CRIANÇAS AIDÉTICAS NA ÁFRICA, POPULAÇÕES INTEIRAS NÃO VIRAM O HOMEM QUE PARTIA SOZINHO E SEM REGRESSO DO PORTO DE SANTOS EM SEU PEQUENO BARCO DE MADEIRA.
ENQUANTO TODOS SEGUIAM SUAS VIDAS E RECLAMAVAM DO COTIDIANO, UMA CRIANÇA RUIVA E CEGA APONTAVA PARA O HOMEM PARTINDO, DE CHAPÉU DE PALHA NO BARCO DE MADEIRA, CANTANDO:
“E LÁ VAI DEUS, SEM SEQUER SABER DE NÓS...
SAIBAMOS POIS ESTAMOS SÓS.”
UM MENINO QUE EMPINAVA PIPA NA RUA DA CASA DE SUA AVÓ NO BIXIGA NÃO VIU O HOMEM DÍSTRAIDO QUE, ENCANTADO COM AS CORES DA TARDE DE OUTONO E COM O FRIO, QUASE FORA ATROPELADO POR UM CAMINHÃO DE FEIRA.
ENQUANTO A MULTIDÃO TORCIA E SE CONTORCIA PELA DEBUTANTE GRÁVIDA QUE AMEAÇAVA SE JOGAR DO ALTO DO EDIFÍCIO ITÁLIA DENTRO DE SEU LINDO VESTIDO AZUL, NINGUÉM PERCEBERA O RAPAZ QUE CONTENTE LEVAVA NA MÃO ESQUERDA UM CHAPÉU DE PALHA E NA DIREITA UMA VARA DE PESCAR.
NAQUELE EXATO SEGUNDO EM QUE MÉDICOS DE CORAÇÕES DE DIAMENTE DOAVAM SUAS VIDAS INTEIRAS TENTANDO SALVAR E CUIDAR DE CRIANÇAS AIDÉTICAS NA ÁFRICA, POPULAÇÕES INTEIRAS NÃO VIRAM O HOMEM QUE PARTIA SOZINHO E SEM REGRESSO DO PORTO DE SANTOS EM SEU PEQUENO BARCO DE MADEIRA.
ENQUANTO TODOS SEGUIAM SUAS VIDAS E RECLAMAVAM DO COTIDIANO, UMA CRIANÇA RUIVA E CEGA APONTAVA PARA O HOMEM PARTINDO, DE CHAPÉU DE PALHA NO BARCO DE MADEIRA, CANTANDO:
“E LÁ VAI DEUS, SEM SEQUER SABER DE NÓS...
SAIBAMOS POIS ESTAMOS SÓS.”
domingo, 12 de julho de 2009
*
A vida não funciona assim!!!!!
Odeio essa palhaçada de auto-ajuda.
Sempre odiei.
Odeio conselhos comuns de gente comum que acha que sabe de tudo.
E a próxima vez que um homem se aproximar de mim, eu juro que vou mandar ele tomar no meio do cu dele, mas bem tomado!
Não importa a idade, o ano de 1984 é um ano maldito. E tenho dito!
Vou namorar um homem de 74 anos de idade. Talvez assim valha a pena.
Vou tomar mais vinho.
Se ele não olha pra mim, vou tomar mais vinho.
A vida não funciona assim!!!!!
Odeio essa palhaçada de auto-ajuda.
Sempre odiei.
Odeio conselhos comuns de gente comum que acha que sabe de tudo.
E a próxima vez que um homem se aproximar de mim, eu juro que vou mandar ele tomar no meio do cu dele, mas bem tomado!
Não importa a idade, o ano de 1984 é um ano maldito. E tenho dito!
Vou namorar um homem de 74 anos de idade. Talvez assim valha a pena.
Vou tomar mais vinho.
Se ele não olha pra mim, vou tomar mais vinho.
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